O canto dos pássaros costuma despertar sensações de tranquilidade e conexão com a natureza, mas a relação humana com essas espécies vai além da contemplação e envolve práticas de criação que nem sempre seguem a lei. No Brasil, dados mais recentes do Ibama mostram que, entre 444 mil criadores registrados, apenas 254 mil mantinham licença ativa até 2023, o que revela um cenário preocupante sobre o manejo de aves silvestres e exóticas.

Ao analisar esse contexto, pesquisadores de saúde mental destacam que sons naturais podem reduzir ansiedade e favorecer bem estar, segundo estudos publicados na revista Scientific Reports. Apesar desse benefício, a captura e manutenção de espécies proibidas reforça uma realidade que contraria a legislação ambiental e coloca animais em risco.

O que a legislação determina sobre criação de aves no país

De acordo com a Lei de Crimes Ambientais número 9.605 de 1998, manter aves nativas em cativeiro sem autorização configura crime. O artigo 29 define que capturar, utilizar ou manter animais silvestres sem permissão pode resultar em detenção de seis meses a um ano. 

Segundo especialistas, mesmo aves legalizadas precisam de cuidados detalhados para garantir saúde e bem estar. Gaiolas devem oferecer espaço suficiente para que o animal abra as asas confortavelmente. Também é recomendado enriquecimento ambiental com brinquedos, verduras escuras e objetos que estimulem comportamentos naturais de caça e exploração, além de momentos de soltura supervisionada.

Como a convivência adequada protege a vida silvestre

Outro ponto relevante aparece no relato do designer Daniel Gentil, que descreve uma experiência marcante com um beija flor que visitava sua varanda. Em determinado dia, o animal permaneceu imóvel na tela de proteção e chamou sua atenção. Ao perceber que algo estava errado, Daniel acionou o CeMaCAS, órgão responsável pelo manejo de animais silvestres, garantindo que o pássaro recebesse cuidados profissionais e retornasse à natureza.

A vivência reforça que o encanto provocado pela proximidade com aves não precisa ocorrer por meio do aprisionamento. Especialistas recomendam que, antes de decidir criar um pássaro, o tutor consulte o Ibama para verificar permissões e procure um médico veterinário para assegurar qualidade de vida ao animal.

Essa relação consciente evita danos à fauna, reduz riscos ambientais e preserva a harmonia que o canto das aves naturalmente desperta.

*Com informações do ESTADÃO.