STF impõe restrições a Bolsonaro após PF achar US$ 14 mil durante busca em sua residência
Medida faz parte da investigação sobre tentativa de golpe e obstrução à Justiça
Por: Iago Bacelar
18/07/2025 • 11:23
A Polícia Federal apreendeu 14 mil dólares e R$ 8 mil em espécie durante operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília, nesta sexta-feira (18). A ação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após representação da PF com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Medida atinge residência e sede do partido
A operação incluiu mandados de busca e apreensão não apenas na residência de Bolsonaro, mas também na sede do PL, partido ao qual ele é filiado. Segundo a PF, a execução da medida envolveu ainda restrições cautelares, diversas da prisão.
Além da apreensão dos valores em espécie, a PF está analisando a origem do montante. De acordo com investigadores, ao menos US$ 10 mil já haviam sido contabilizados pela manhã. Ao final da contagem, o total somou US$ 14 mil.
STF proíbe contato com embaixadas e redes sociais
A decisão do STF também impôs a Bolsonaro a proibição de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros. Ele está ainda impedido de se aproximar de embaixadas e de utilizar redes sociais.
Essas medidas cautelares foram justificadas pelo STF como necessárias para garantir a efetividade do processo e evitar riscos à investigação.
Investigação apura tentativa de golpe e risco de fuga
A operação ocorre no contexto da investigação que tramita no STF e apura se Bolsonaro tentou articular um golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022. A PGR apresentou na segunda-feira (14) suas alegações finais no caso e pediu a condenação do ex-presidente por cinco crimes.
Entre os crimes investigados estão coação no curso do processo, obstrução à Justiça e atentado à soberania nacional. Segundo apuração do GLOBO, a PF também indicou a existência de risco de fuga do país, o que reforçou o pedido de medidas restritivas.
PGR apoia ação com base em indícios levantados pela PF
A Procuradoria-Geral da República emitiu parecer favorável à ação após análise das informações encaminhadas pela PF. A operação também serve como reforço ao entendimento da corte de que Bolsonaro mantém condutas que podem interferir nas investigações em curso.
De acordo com interlocutores que acompanham o caso, os valores apreendidos e os registros da movimentação do ex-presidente serão utilizados como parte do material probatório. A PF não confirmou se novos pedidos de bloqueios ou conduções coercitivas serão feitos.
Justiça amplia cerco ao ex-presidente com medidas de contenção
Com a decisão, Bolsonaro segue proibido de fazer uso de canais públicos de comunicação, como redes sociais, e também fica isolado de contatos diplomáticos internacionais. Essas medidas buscam prevenir eventuais articulações ou declarações que possam comprometer as investigações ou estimular tensões institucionais.
A medida aprofunda o cerco judicial sobre Bolsonaro, que já se tornou réu em diferentes frentes, incluindo a que trata do suposto plano golpista investigado no STF.
O caso segue sob sigilo parcial, e a expectativa é que as próximas ações se concentrem na análise do conteúdo apreendido e na possível apresentação de nova denúncia criminal com base nos materiais coletados.
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