Indicação de Jorge Messias ao STF amplia tensão no Senado
Clima é de resistência crescente, com senadores da oposição e até aliados insatisfeitos com o nome sugerido por Lula
Por: Redação
25/11/2025 • 09:45 • Atualizado
A indicação de Jorge Messias ao STF abriu uma disputa política direta no Senado, onde o advogado-geral da União enfrenta rejeição tanto da oposição quanto de parte da base governista. O desconforto nasce da proximidade com o presidente Lula e se intensifica com divergências em pautas sensíveis.
Logo nos bastidores, a irritação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ganhou corpo. Ele avalia que acumulou créditos políticos com o Planalto e, por isso, deveria emplacar Rodrigo Pacheco na vaga aberta no Supremo Tribunal Federal. Desde então, Alcolumbre passou a travar pautas de interesse do governo e interrompeu o diálogo com Jaques Wagner, líder governista na Casa.
Em meio ao desgaste, a oposição decidiu se posicionar publicamente. Rogério Marinho afirmou que seu grupo votará contra, alegando que não aceita que um presidente indique ao Supremo alguém que considera amigo pessoal. Carlos Portinho reforçou que Messias terá de construir apoio na própria base do governo, citando a apertada recondução de Paulo Gonet à PGR, aprovada com apenas quatro votos acima do mínimo necessário.
Divergências em pautas importantes
Outro foco de tensão ronda debates morais e bioéticos. Eduardo Girão declarou voto contrário ao nome de Jorge Messias, criticando a posição do indicado ao se opor à resolução do CFM que barrava o procedimento de assistolia fetal em casos de aborto legal acima de 22 semanas. O senador afirmou que sua decisão parte de valores pessoais alinhados à defesa da vida desde a concepção.
Também Hamilton Mourão se manifestou, afirmando que não identifica em Messias notável saber jurídico nem conduta compatível com o Supremo. Para Plínio Valério, líder do PSDB, o clima no Senado é hostil à escolha feita por Lula, o que reforça sua posição contrária.
Base fragmentada
Enquanto cresce a pressão pública, o governo tenta reorganizar os votos de sua base. Integrantes da articulação política admitem, reservadamente, que a resistência é maior que a prevista e que a sabatina tende a expor fissuras internas.
Com a oposição mobilizada e aliados divididos, a aprovação de Messias ao STF se tornou um teste imediato da força política do Planalto no Senado.
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