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Engajamento racial segue baixo na Câmara, mostra ranking nacional

Levantamento com IA revela notas baixas e distância entre parlamentares mais atuantes e a maioria

Por: Redação

09/12/202513:47Atualizado

A Câmara dos Deputados aparece com desempenho frágil nas ações ligadas à igualdade racial, segundo levantamento divulgado em Brasília, que avaliou o trabalho de 571 parlamentares. O estudo examinou 37 mil atividades legislativas e usou uma combinação de Inteligência Artificial com análise humana para medir o engajamento no tema.

Foto Engajamento racial segue baixo na Câmara, mostra ranking nacional
Foto: Kayo Magalhaes/Câmara dos Deputados

Logo após os 50 primeiros colocados no Ranking Igualdade Racial 2025, as notas despencam, de acordo com Ingrid Sampaio, coordenadora de Advocacy do Instituto de Referência Negra Peregum. A pesquisadora afirma que “a atribuição de notas cai abruptamente para três”, o que evidencia esforço concentrado de poucos parlamentares para compensar a falta de empenho da maioria.

Dentro da metodologia, o ranking atribui notas entre -10 e +10, baseadas no posicionamento dos deputados em propostas que fortalecem ou prejudicam a equidade racial. Ingrid observa que o baixo engajamento tem raízes políticas e emocionais, pois “é um tema espinhoso, desconfortável e que o Congresso tende a evitar”.

Direita, esquerda e o peso da representatividade

Embora os primeiros colocados pertençam majoritariamente à centro-esquerda, o estudo registrou exceções entre siglas de centro e direita. Ingrid destaca que “existem dissidências internas que permitem a alguns parlamentares apoiar a pauta mesmo contrariando suas bancadas”, sinalizando que a experiência individual ainda influencia a atuação.

Outro dado relevante é que parlamentares negros, mulheres e indígenas aparecem como os principais motores da agenda racial, com maior presença em discursos, emendas e pareceres. O relatório aponta que, apesar de serem apenas 20 por cento da Câmara, as mulheres ocupam boa parte das melhores posições por trazerem vivências diversas ao debate. Para Ingrid, “a representatividade faz diferença e influência na qualidade das políticas públicas”, reforçando a importância da diversidade no Parlamento.