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Queda na aprovação de Bruno Reis redesenha o cenário político em Salvador

Desgaste da gestão municipal impacta oposição, enquanto governo Jerônimo mantém vantagem para 2026

Por: Marcos Flávio Nascimento

24/12/202512:00Atualizado

A recente queda na aprovação do prefeito de Salvador, Bruno Reis, identificada por levantamentos da AtlasIntel, indica uma mudança relevante no humor do eleitorado da capital baiana e reposiciona o debate político tanto no âmbito municipal quanto estadual. A avaliação é do cientista político Cláudio André de Souza, que aponta um aumento da percepção crítica em relação ao desempenho da gestão no segundo mandato.

Foto Queda na aprovação de Bruno Reis redesenha o cenário político em Salvador
Foto: Divulgação/Secom

Segundo o analista ao Portal Esfera, os dados não sugerem apenas um desgaste natural de governo, mas revelam sinais mais consistentes de insatisfação administrativa por parte da população: “Existe uma percepção mais crítica ao prefeito de Salvador, associada ao desempenho governamental que ele tem tido neste segundo mandato."

Ainda que a pesquisa não aprofunde avaliações setoriais da prefeitura, André considera que o recuo nos índices de aprovação permite inferir um problema de condução da gestão neste momento específico, o que ajuda a explicar a mudança no comportamento do eleitor soteropolitano.

Esse cenário, no entanto, extrapola os limites da administração municipal. a capital baiana permanece como um dos principais ativos eleitorais do grupo liderado por ACM Neto, principal nome da oposição ao PT na Bahia, e qualquer fragilidade na capital tende a gerar efeitos em cadeia no projeto estadual do campo oposicionista.

“Salvador é a vitrine do grupo oposicionista ao PT. Uma gestão fragilizada em ano eleitoral acende um sinal de alerta tanto no nível municipal quanto no estadual”, avalia.

Do lado governista, o desempenho do governador Jerônimo Rodrigues aparece de forma mais equilibrada. A pesquisa aponta 51% de aprovação, índice que, na leitura do cientista político, revela uma posição intermediária, sustentada, mas ainda desafiadora.

“Quando observamos a avaliação das áreas do governo estadual, percebemos uma faixa intermediária em praticamente todos os serviços públicos”, analisa.

Para Cláudio André, o principal desafio do governo estadual está menos na sustentação política e mais na capacidade de transformar políticas públicas em percepção positiva junto à população, fator que tende a ser decisivo no curto e médio prazo.

 

Wuiga Rubini | GOVBA

Wuiga Rubini | GOVBA


 

Vantagem decretada 

 

Esse contexto se conecta diretamente à eleição de 2026, que deve reeditar a disputa entre ACM Neto e o atual governador. Embora reconheça o peso eleitoral do ex-prefeito de Salvador, o cientista político avalia que, neste momento, Jerônimo Rodrigues larga em vantagem.

“O governador é favorito pela avaliação atual de governo, pelo retrospecto do PT, que venceu as últimas cinco eleições consecutivas na Bahia, e pelo papel do presidente Lula, que segue como um grande trunfo eleitoral no estado”, afirma.

Ainda assim, Cláudio André ressalta que se trata de uma disputa aberta, cujo equilíbrio pode ser alterado a depender do desempenho administrativo do governo estadual e do cenário político nacional até o pleito.

Reprodução/Instagram @acmnetooficial

Reprodução/Instagram @acmnetooficial


Ao projetar o debate para 2028, quando Salvador escolherá um novo prefeito, o cientista político adota cautela. Para ele, a sucessão de Bruno Reis está diretamente condicionada ao desfecho da eleição estadual dois anos antes.

“É muito cedo para pensar 2028. Tudo vai depender do resultado de 2026 e da posição que ACM Neto ocupará, seja como governador ou como líder de uma oposição derrotada novamente”, pondera.

Mesmo assim, ele indica que o União Brasil e o grupo político pós-carlista devem buscar uma liderança capaz de sustentar um eventual terceiro ciclo à frente da prefeitura da capital.

No debate sobre possíveis nomes fora do eixo tradicional, Cláudio André observa que o cenário segue dinâmico e ainda pouco cristalizado, tanto em Salvador quanto no plano estadual.

“João Roma se consolida como um nome da direita mais radical, ligado ao bolsonarismo. Em Salvador, o deputado federal Léo Prates tem fortalecido o trabalho de base no campo governista”, aponta.

Apesar dessas movimentações, o cientista político reforça que o ambiente segue marcado por polarização política e por um alto grau de imprevisibilidade.

“Por ser a capital do estado, Salvador é um espaço político muito dinâmico. Surpresas podem surgir, mas a chave para entender o cenário de 2028 passa, necessariamente, pelo resultado de 2026”, conclui.