Trump impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e causa impacto bilionário
Produtos como café e carne bovina estão entre os mais afetados pela nova tarifa
Por: Iago Bacelar
31/07/2025 • 17:00
decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 6 de agosto impactará quase 60% das exportações do Brasil para o país. O anúncio, feito por Donald Trump nesta quarta-feira (30), veio acompanhado de um decreto que exclui 694 produtos da nova taxação, representando 43,4% do total exportado ao mercado americano. Os dados são da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
Exportações brasileiras somaram mais de US$ 42 bilhões em 2024
De acordo com estimativas da Amcham, os produtos que escaparam do tarifaço correspondem a cerca de 18,4 bilhões de dólares do total de 42,3 bilhões de dólares exportados aos EUA em 2024. A lista de exceções inclui itens como petróleo, combustíveis, suco e polpa de laranja, minérios, fertilizantes, motores, peças, componentes e aeronaves civis.
Apesar da exclusão desses produtos, itens estratégicos para a economia brasileira foram atingidos. Café e carne bovina, por exemplo, tiveram a taxação de 50% confirmada. O Brasil é o maior exportador mundial de café, sendo os Estados Unidos seu principal comprador. Em 2024, as vendas brasileiras de café ao mercado americano chegaram a quase 2 bilhões de dólares, o que representa 16,7% do total exportado.
Setores impactados mesmo com exceções na lista
Mesmo com a retirada de 694 produtos da tarifa, setores importantes permanecem vulneráveis. A Amcham reconheceu que houve um alívio parcial, mas alertou para os riscos à competitividade de empresas brasileiras.
“Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira”, afirmou a entidade em nota.
Na mesma nota, a entidade destacou que produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que pode comprometer cadeias globais de valor ligadas ao Brasil.
Entre os principais produtos excluídos da nova tarifa estão os combustíveis, com 76 itens e 8,5 bilhões de dólares exportados em 2024. Também escaparam da medida as aeronaves civis, com 22 produtos e 2 bilhões de dólares em vendas, além de ferro e aço, com 1,8 bilhão de dólares, e pastas de madeira (celulose), com 1,7 bilhão de dólares exportados aos EUA.
Casa Branca justifica medida com base na segurança nacional
Segundo o decreto assinado por Donald Trump, a nova política comercial foi fundamentada na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977. O documento afirma que a medida seria uma resposta a ações do governo brasileiro que, de acordo com a Casa Branca, configuram uma ameaça à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.
O texto também faz menção ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), e acusa o governo brasileiro de praticar violações de direitos humanos.
“O presidente Trump tem reafirmado consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras”, diz o decreto.
No mesmo trecho, o texto sustenta que o governo americano continuará “salvaguardando a liberdade de expressão, protegendo empresas americanas de censura coercitiva ilegal e responsabilizando violadores de direitos humanos por seu comportamento ilegal”.
Brasil é o país mais afetado pela medida
A nova tarifa de 50% representa o maior impacto entre os países que exportam para os EUA. Desde o anúncio preliminar em 9 de julho, a medida vinha sendo criticada pelo governo brasileiro e setores da indústria, que alertaram para os riscos à competitividade internacional do Brasil.
Agora, mesmo com a lista de exceções, o impacto é considerado expressivo por economistas e representantes do comércio exterior. O café, por exemplo, é considerado um produto-chave da balança comercial, e a carne bovina brasileira também ocupa posição relevante nas exportações agropecuárias.
A partir de 6 de agosto, exportadores brasileiros que mantêm negócios com o mercado americano precisarão recalcular custos e estratégias diante da nova tarifa. O cenário pode influenciar diretamente os preços, a margem de lucro e o posicionamento do Brasil em cadeias globais de suprimento.
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