China afirma ter identificado espionagem digital dos EUA em empresas de defesa
Comunicado chinês expõe incidentes atribuídos a agências dos Estados Unidos
Por: Iago Bacelar
01/08/2025 • 18:21 • Atualizado
O governo da China divulgou um comunicado nesta sexta-feira (1º) acusando agências de inteligência dos Estados Unidos de promoverem, nos últimos anos, operações de ciberespionagem contra instituições e empresas do setor de alta tecnologia, com ênfase no complexo militar-industrial. A denúncia partiu do Centro Nacional de Resposta a Emergências de Internet da China (CNCERT), vinculado ao Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação.
Segundo o relatório, os ataques tiveram como alvos universidades, centros de pesquisa e empresas ligadas à defesa nacional. O objetivo das ações seria o acesso a informações confidenciais sobre desenvolvimento, projeto e produção de tecnologias militares.
Primeiro caso envolveu invasão a empresa de defesa
O CNCERT destacou dois episódios recentes para ilustrar as denúncias. Um deles ocorreu entre julho de 2022 e julho de 2023 e teria sido conduzido por um grupo vinculado a serviços de inteligência norte-americanos, que exploraram uma falha no sistema de e-mails Microsoft Exchange para invadir a rede interna de uma empresa chinesa de defesa.
Segundo o centro, os invasores assumiram o controle de mais de 50 dispositivos estratégicos. Eles teriam instalado ferramentas para garantir acesso prolongado às redes por meio de canais criptografados, utilizando uma rede de servidores intermediários hospedados em países como Alemanha, Finlândia, Coreia do Sul e Singapura.
Essas ações, segundo o CNCERT, visavam manter uma presença invisível e contínua dentro da infraestrutura da empresa atacada, comprometendo a segurança das informações militares.
Segundo incidente comprometeu mais de 300 dispositivos
Outro episódio citado no comunicado ocorreu entre julho e novembro de 2024, desta vez com foco em uma empresa de telecomunicações. De acordo com o relatório, hackers se aproveitaram de falhas no sistema de arquivos digitais para instalar softwares maliciosos, comprometendo mais de 300 dispositivos.
Ainda segundo o CNCERT, essa ação permitiu a extração de dados sensíveis e reforçou a suspeita de que operações cibernéticas avançadas estariam sendo organizadas com apoio de governos estrangeiros, especialmente os Estados Unidos.
Mais de 600 incidentes registrados em 2024
O relatório também apontou que, somente em 2024, foram documentados mais de 600 incidentes atribuídos a grupos de ameaças persistentes avançadas (APT), todos com características associadas a Estados estrangeiros.
A maior parte dessas ações teve como alvo estruturas ligadas à defesa, incluindo sistemas acadêmicos e de pesquisa. O CNCERT reiterou que os ataques comprometeram não apenas a segurança das redes, mas também a soberania digital do país.
Acusações surgem em meio à tensão entre os países
As denúncias feitas pelo governo chinês ocorrem em um momento de escalada nas tensões diplomáticas entre China e Estados Unidos. Os dois países têm trocado acusações públicas envolvendo espionagem digital, com diversos relatos de ataques atribuídos reciprocamente desde 2021.
O relatório do CNCERT soma-se a outras declarações oficiais que buscam reforçar a narrativa chinesa de que suas estruturas estratégicas estão sendo alvo de operações de inteligência estrangeiras. Até o momento, o governo dos Estados Unidos não se pronunciou sobre as novas acusações.
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