As tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todos os produtos brasileiros podem gerar prejuízos bilionários e afetar diretamente a economia do país. Um estudo do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) estima que o impacto dessas medidas pode provocar uma retração de até 0,41% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Segundo a nota técnica assinada pelos pesquisadores Angelo Gurgel, Cícero Lima e Leonardo Munhoz, caso as tarifas entrem em vigor no dia 1º de agosto, como anunciado, as exportações brasileiras do agronegócio para os Estados Unidos podem despencar 75%. Isso representa uma perda de cerca de US$ 9 bilhões — aproximadamente R$ 50,1 bilhões, com base na cotação atual do dólar.

Hoje, cerca de 30% das exportações brasileiras para os EUA são do agronegócio. Entre os produtos já afetados por tarifas elevadas estão o suco de laranja (10,94%) e o açúcar (19,79%). Com o aumento generalizado das tarifas, a tendência é que os produtos fiquem mais caros e, consequentemente, o consumo caia.

Impacto direto no agro

O agronegócio brasileiro é um dos mais competitivos do mundo e disputa espaço com os Estados Unidos em mercados estratégicos, como soja e algodão. Apesar disso, os dois países também mantêm parcerias em outras cadeias produtivas.

Atualmente, os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras do setor, perdendo apenas para a China. Em 2023, o Brasil exportou 9,4 milhões de toneladas de produtos agropecuários para o mercado norte-americano, gerando cerca de US$ 12 bilhões em receita.

Neste ano, a participação dos Estados Unidos no total das exportações do agronegócio brasileiro aumentou de 5,9% para 7,4%, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária. Por isso, qualquer mudança nas regras comerciais entre os dois países pode gerar impactos significativos no setor e na economia nacional como um todo.