ONU e União Europeia condenam ataque a jornalistas na Faixa de Gaza
Bombardeio aumenta tensão e expõe jornalistas ao risco no conflito em Gaza
Por: Iago Bacelar
12/08/2025 • 14:00
A ONU e a União Europeia condenaram o ataque israelense que resultou na morte de seis jornalistas da emissora Al Jazeera na Faixa de Gaza. O bombardeio ocorrido no domingo (10) aumenta a tensão e reforça a guerra de narrativas que acompanha o conflito armado, mantendo os profissionais da imprensa em situação de risco.
Equipes da Al Jazeera, emissora de TV do Catar, se reuniram nesta segunda-feira (11) em Doha para homenagear os seis jornalistas mortos. Entre eles, estava o repórter Anas al Sharif, de 28 anos, que havia deixado um texto para ser publicado caso morresse. No texto, ele convoca o mundo a não esquecer Gaza.
Acusações de Israel contra o jornalista Anas al Sharif
O Exército israelense afirmou que Anas al Sharif não atuava apenas como jornalista, mas que comandava uma célula do grupo terrorista Hamas e coordenava ataques com foguetes contra civis e tropas israelenses. Um comunicado militar diz que listas de treinamento e registros salariais indicam que ele era um operador do Hamas integrado à Al Jazeera.
Segundo a rede britânica BBC, Al Sharif trabalhou para o serviço de imprensa do Hamas antes do início do conflito. Essas informações são negadas pela Al Jazeera.
Reação da Al Jazeera e declarações sobre ataque a jornalistas
O chefe do escritório da Al Jazeera em Gaza, Wael Al-Dahdouh, rejeitou as acusações feitas por Israel sobre o repórter e condenou a política de assassinato de jornalistas palestinos.
“Rejeitamos a política de assassinato de jornalistas palestinos. Cerca de 238 jornalistas foram mortos nesta guerra, algo nunca visto na história”, disse.
Pressão internacional por investigação e proteção à imprensa
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, manifestou grave preocupação com os ataques repetidos à imprensa na Faixa de Gaza. A ONU, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas e a ONG Repórteres sem Fronteiras também condenaram o bombardeio e pediram uma investigação independente sobre o caso.
O secretário-geral da ONU reforçou a necessidade de respeitar os profissionais do jornalismo para que possam exercer seu trabalho livres de abusos e do medo, ressaltando que as realidades da guerra são frequentemente distorcidas pela força das armas.
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