Presidente da ALBA relata resistência e cobra mais espaço para mulheres na política
Acesso feminino ao poder ainda é limimtado pelo machismo, segundo Ivana Bastos
Por: Marcos Flávio Nascimento
18/12/2025 • 16:00
A presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Ivana Bastos (PSD), afirmou que ser mulher em posição de comando ainda impõe obstáculos extras dentro da política institucional. Durante entrevista nesta quinta-feira (18), ela relatou episódios de resistência, tom desrespeitoso e tentativas de deslegitimação, que, segundo a parlamentar, dificilmente ocorreriam se o cargo fosse ocupado por um homem.
Ao tratar da trajetória feminina no Legislativo baiano, Ivana destacou que, em toda a história da Casa, apenas 37 mulheres exerceram mandato parlamentar, número considerado insuficiente diante dos 63 deputados estaduais.
Para ela, o dado revela um desequilíbrio estrutural e evidencia a necessidade de mudanças profundas no incentivo à participação feminina na política.
Machismo institucional e resistência ao comando feminino
Segundo Ivana Bastos, episódios de interrupções, elevação de tom de voz e questionamentos sobre sua capacidade são recorrentes. A deputada afirmou que, em muitos momentos, houve uma postura de subestimação, com abordagens que ultrapassam o embate político e atingem o campo pessoal.
Na avaliação da presidente da ALBA, a resistência enfrentada teria sido menor caso o cargo fosse ocupado por um homem. “Em muitos momentos, sim”, afirmou ao ser questionada se acredita que um presidente do sexo masculino enfrentaria menos oposição.
Trajetória política marcada por derrotas e persistência
Ao relembrar sua história, Ivana Bastos contou que adiou a vitória três vezes, após derrotas eleitorais apertadas, incluindo uma delas por apenas 11 votos, mesmo tendo alcançado 36 mil votos. A parlamentar relatou ainda dificuldades iniciais dentro da própria família e do grupo político local, além de episódios de ruptura partidária que inviabilizaram candidaturas anteriores.
Apesar dos obstáculos, Ivana construiu uma trajetória de crescimento eleitoral, passando por votações de 45 mil, 62 mil, 77 mil votos, até chegar a 118.417 votos, que a consolidaram como a deputada estadual mais votada da Bahia e a primeira mulher a presidir a Assembleia Legislativa em mais de 190 anos.
Para Ivana Bastos, ampliar a presença feminina no Parlamento depende de apoio real dos partidos, acesso efetivo aos recursos e estímulo para que mais mulheres se sintam encorajadas a disputar eleições. “Não é falta de capacidade, é falta de apoio”, resumiu.
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