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Centrão pressiona Bolsonaro a definir sucessor antes de prisão em regime fechado

Ala oposicionista articula candidatura de direita sem a família Bolsonaro para 2026

Por: Domynique Fonseca

14/09/202513:48Atualizado

A condenação de Jair Bolsonaro (PL), a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado intensificou a pressão dentro do Centrão por uma definição sobre a sucessão presidencial. Enquanto cumpre prisão domiciliar, o ex-presidente é alvo de cobranças para indicar quem representará a direita na disputa contra Lula (PT) em 2026.

Foto Centrão pressiona Bolsonaro a definir sucessor antes de prisão em regime fechado
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Nos bastidores, líderes do União Brasil e do Partido Progressistas (PP), defendem o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado a opção mais viável do campo conservador. A movimentação ganhou força após o fim do julgamento de Bolsonaro, com Ciro Nogueira e Antonio Rueda articulando para que ele seja confirmado como herdeiro político.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tenta antecipar conversas com Bolsonaro para definir o candidato, mas reforça que qualquer decisão passará pelo aval do ex-presidente. Paralelamente, governadores como Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União) e Ratinho Junior (PSD) também se movimentam para ocupar espaço no campo oposicionista.

Apesar das resistências, Tarcísio tem buscado ampliar sua influência em Brasília, inclusive ao assumir protagonismo nas negociações sobre anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Aliados, porém, reconhecem que o governador enfrenta desconfiança dentro do bolsonarismo, especialmente de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que o considera pouco assertivo.

Entre as divergências, está o alcance do projeto de anistia. Enquanto o PL insiste em incluir a condenação eleitoral que tornou Bolsonaro inelegível, partidos como União Brasil e PP defendem um texto restrito aos investigados pelos atos antidemocráticos, sem reabrir caminho para o ex-presidente disputar em 2026.

Nos cálculos do governo, a articulação oposicionista funciona como uma antecipação da campanha presidencial. O Planalto, por sua vez, trabalha para barrar a proposta no Congresso, contando com o apoio de líderes como Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), além de partidos do centro que resistem a embarcar na estratégia bolsonarista.