Tudo com Proteína: como a indústria alimentícia está aproveitando o Hype
Com o aumento das opções nas prateleiras, especialistas questionam a eficácia e os riscos dos produtos ultraprocessados
Por: Lorena Bomfim
13/07/2025 • 09:30
A presença crescente de alimentos com alto teor de proteína nas prateleiras dos supermercados tem gerado debates sobre seus reais benefícios. Itens como panquecas, pizzas e até sobremesas estão sendo comercializados com a promessa de auxiliar no ganho muscular, saúde e emagrecimento. Recentemente, celebridades como Khloe Kardashian e Zac Efron impulsionaram a tendência ao lançar produtos como pipoca proteica e mingau enriquecido com proteína.
De acordo com a agência de pesquisa Mintel, 8,3% dos alimentos lançados no primeiro trimestre de 2025 alegavam ser fontes de proteína ou ter alto teor desse nutriente, refletindo um aumento em relação aos anos anteriores. No entanto, especialistas alertam que nem todos esses produtos entregam os benefícios prometidos.
Embora a proteína desempenhe um papel fundamental no desenvolvimento muscular e na saciedade, muitos desses produtos são ultraprocessados, o que pode reduzir seus benefícios nutricionais. Para que um alimento seja considerado “fonte de proteína” ou “com alto teor de proteína”, ele precisa atender a critérios rigorosos de composição nutricional. No entanto, muitos fabricantes adicionam ingredientes ricos em proteínas ou removem água para alcançar essas porcentagens, o que pode mascarar a qualidade do produto.
Paul Morgan, professor de nutrição, destaca que, embora esses produtos possam trazer algum benefício, o consumo excessivo de proteína de fontes ultraprocessadas pode ter efeitos negativos, como ganho de peso. A recomendação geral é que, para ganhar massa muscular, a ingestão deve ser de 1,6 gramas de proteína por quilo corporal, enquanto pessoas saudáveis podem consumir cerca de 1,2 gramas por quilo.
Os especialistas também ressaltam que o consumo excessivo de proteína, seja por alimentos naturais ou produtos industrializados, pode levar ao acúmulo de gordura. A chave é equilibrar a dieta e priorizar alimentos naturais como carnes magras, leguminosas e vegetais.
Em suma, os produtos proteicos podem ser vantajosos para quem precisa de uma dose extra de proteína em dietas específicas. No entanto, a dependência desses itens ultraprocessados não é recomendada. Como lembra o personal trainer Ethan Smith, “nada substitui os alimentos naturais para uma dieta rica e equilibrada em proteínas”.
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