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Israel e Hamas se preparam para troca de reféns

Acordo intermediado por EUA e Egito prevê trégua e debate sobre o futuro político de Gaza

Por: Lorena Bomfim

12/10/202514:37Atualizado

Às vésperas da troca de reféns prevista no acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, lideranças do grupo islamista tentam modificar a lista de prisioneiros palestinos que serão libertados por Israel. Apesar das divergências, o Hamas afirmou que cumprirá a entrega dos reféns nesta segunda-feira (13) e reforçou que não pretende participar do governo da Faixa de Gaza após o fim do conflito.

 Israel e Hamas se preparam para troca de reféns em meio a disputa por lista de prisioneiros
Foto: Reprodução /IA

Troca de reféns prevista para segunda-feira

A etapa inicial do cessar-fogo está em andamento e prevê a troca de reféns na manhã de segunda-feira, terceiro dia da trégua. O plano foi confirmado por Osama Hamdan, alto funcionário do Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou estar “pronto para receber os reféns imediatamente”.

Disputa por nomes na lista de prisioneiros

De acordo com um representante da Autoridade Palestina próximo às negociações, o Hamas tenta incluir sete prisioneiros de alto escalão na lista de libertações. A relação divulgada por Israel prevê a soltura de 250 palestinos condenados à prisão perpétua e 1.700 moradores de Gaza detidos desde os ataques de 7 de outubro. Em contrapartida, o Hamas deve liberar 48 israelenses mantidos em cativeiro.

Entre os nomes reivindicados pelo grupo estão:

  • Marwan Barghouti – Líder do movimento Fatah, cumpre prisão perpétua por planejar ataques que mataram quatro israelenses no início dos anos 2000.
  • Ahmad Saadat – Chefe da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), é acusado por Israel de ordenar o assassinato do ministro do Turismo em 2001.
  • Ibrahim Hamed – Preso em 2006, foi condenado a 54 penas de prisão perpétua por planejar atentados suicidas que deixaram dezenas de mortos.
  • Abbas Al Sayyed – Comandante de alto escalão do Hamas, condenado por liderar ataques mortais em território israelense.

Plano de paz dos EUA e transição em Gaza

Após a troca de prisioneiros, Israel e Hamas devem iniciar a implementação do plano proposto pelos Estados Unidos. O documento, elaborado pelo presidente norte-americano Donald Trump, apresenta 20 pontos para encerrar o conflito e prevê que o Hamas se desarme e renuncie ao controle da Faixa de Gaza.

Fontes próximas às negociações confirmaram à agência AFP que o grupo não participará da fase de transição.

“O Hamas não participará de forma alguma da fase de transição, o que significa que abriu mão do controle da Faixa, mas continua sendo uma parte fundamental do tecido social palestino”, afirmou um líder do movimento.

Cúpula pela paz no Egito

As declarações antecedem uma cúpula internacional que discutirá o futuro político de Gaza. O encontro, idealizado por Trump e pelo presidente egípcio Abdel Fattah Al Sisi, será realizado no Egito e deve reunir representantes de mais de 20 países. Ainda não há confirmação da participação do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Desafios para uma solução duradoura

Apesar do avanço nas negociações, mediadores alertam para a dificuldade de garantir uma solução política de longo prazo. Há receios de que o Hamas mantenha suas armas e tente preservar influência sobre Gaza.

“O Hamas aceita uma trégua de longo prazo e garante que suas armas não serão usadas durante esse período, exceto em caso de ataque israelense”, afirmou uma fonte ligada à equipe de negociação.

O cessar-fogo atual representa o passo mais significativo rumo à paz desde o início da guerra, mas especialistas consideram que o caminho para uma resolução definitiva ainda é incerto.