Pedido de dipirona ao 190 ajuda mulher a escapar de agressor em Campo Grande
– Polícia entendeu código usado por mulher para denunciar violência doméstica
Por: Iago Bacelar
06/08/2025 • 10:21
Uma mulher em situação de violência doméstica foi resgatada pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) após ligar para o número 190 e utilizar um código disfarçado para pedir socorro. O caso ocorreu em Campo Grande e foi divulgado nesta terça-feira (5). Durante a ligação, a vítima utilizou o nome do medicamento “dipirona” como sinal de alerta, o que permitiu à equipe identificar a urgência da situação.
Ao ser atendida pelo policial de plantão, a mulher usou o nome do remédio como parte do diálogo, levando o agente a perceber que se tratava de um pedido de ajuda disfarçado. Ele, então, deu sequência à conversa utilizando termos codificados para entender o contexto e a gravidade da agressão.
Conversa com a PM levou à prisão do agressor
Durante o atendimento, o policial fez perguntas de forma indireta para preservar a segurança da vítima. “A senhora confirma aí, se for positivo a informação, a senhora fala dipirona novamente. É seu marido?”, questionou o agente.
“Sim, é a dipirona, sim”, respondeu a mulher.
Em seguida, o policial procurou entender a gravidade da situação: “Agora fala a intensidade da agressividade aí, a senhora miligramas, 10 miligramas, 20 miligramas ou 30 miligramas. Qual é a intensidade da agressividade dele?”
A resposta da vítima foi direta: “30”.
Com as informações coletadas, a viatura foi deslocada rapidamente até o endereço indicado. A mulher foi encontrada sem ferimentos graves, e o suspeito de violência foi preso em flagrante.
Ligação de agradecimento emocionou equipe da PM
Alguns dias após o resgate, a mesma mulher voltou a entrar em contato com o batalhão. Desta vez, a ligação não foi para pedir socorro, mas para agradecer a ação dos policiais que atenderam ao chamado. O episódio foi descrito pela equipe como um momento de reconhecimento que reforça a importância do trabalho realizado.
Segundo um integrante da corporação, a mensagem deixou marca na equipe. “Dias depois, aquela voz retornou. Não para pedir ajuda, mas para agradecer. O socorro chegou a tempo. Sempre que conseguimos impedir e trazer um alívio para as vítimas e a família, é extremamente gratificante”, disse o policial.
Estratégias de segurança e acolhimento às vítimas
A ação da vítima, ao recorrer a um código disfarçado durante a ligação, evidencia a importância da inteligência emocional e da capacidade de escuta ativa dos profissionais de segurança. Situações semelhantes já ocorreram em outras regiões do Brasil, demonstrando a necessidade de treinamento contínuo para agentes lidarem com denúncias indiretas.
Em Mato Grosso do Sul, a PM reforça a orientação para que qualquer pessoa em risco ligue para o número 190, mesmo que precise usar termos codificados para se proteger. A atuação rápida da polícia pode ser essencial para salvar vidas e interromper ciclos de violência.
O caso de Campo Grande reforça a importância de ações integradas de escuta, acolhimento e resposta imediata às denúncias, além da ampliação de canais seguros de denúncia para mulheres em situação de risco.
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