Parceria entre Codeba e Polícia Federal fortalece segurança nos portos baianos
Iniciativa integra equipes, moderniza equipamentos e cria padrão de atuação contra tráfico, contrabando e outras práticas ilícitas
Por: Lorena Bomfim
12/08/2025 • 08:43
Nas movimentadas águas da Baía de Todos-os-Santos, onde navios de carga dividem espaço com embarcações de lazer e terminais operam ininterruptamente, a segurança é prioridade. Com esse cenário, guardas portuários da Bahia iniciaram um treinamento conjunto que une a experiência da Autoridade Portuária da Bahia (Codeba) e a expertise da Polícia Federal. O objetivo é integrar equipes e aprimorar a prevenção e o combate a ilícitos em áreas portuárias.
O curso ocorre em momento estratégico, marcado pelo aumento no fluxo de cargas e passageiros e pelos investimentos no setor. Mais de 70% das exportações e importações do estado passam pelos portos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus, movimentando desde granel sólido até contêineres refrigerados — diversidade logística que exige protocolos de segurança sofisticados.
Segundo o guarda portuário Esdras Nunes, a capacitação vai intensificar o policiamento em terra e no mar, alinhando procedimentos e fortalecendo a vigilância. Ele destaca ainda a importância de conscientizar condutores de lanchas e jet skis sobre normas de navegação próximas aos terminais, muitas vezes desconhecidas ou ignoradas.
O treinamento, iniciado no Porto de Salvador, será expandido para Aratu-Candeias e Ilhéus, adaptando-se às especificidades de cada operação. O acordo prevê aulas teóricas e práticas, abordando desde controle de acesso e prevenção de crimes até uso progressivo da força e manobras de embarcações.
O delegado Márcio Cunha, responsável pelo Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom) da PF em Salvador, afirma que esta é a primeira fase, com disciplinas fundamentais para criar um padrão de atuação e garantir respostas rápidas a crimes como tráfico e contrabando.
Para o diretor-presidente da Codeba, Antonio Gobbo, o investimento impacta diretamente a economia baiana. “A proposta é ampliar a capacidade técnica dos agentes para atuação em situações complexas, reforçando a proteção de uma área estratégica para o Estado e o país”, diz.
A seleção dos agentes segue critérios técnicos como experiência operacional, histórico disciplinar e perfil para segurança ostensiva. O conteúdo combina fundamentos legais e éticos com exercícios práticos, incluindo abordagens no mar, navegação noturna e simulações reais. O acordo também prevê modernização da infraestrutura, com drones, câmeras inteligentes, embarcações para patrulha e comunicação segura.
Para o chefe de área da Guarda Portuária, Anderson Silva, a integração com PF, Marinha e Receita Federal fortalece o combate ao crime organizado. A expectativa é que o modelo sirva de referência a outros portos do país, reforçando a imagem da Bahia como hub logístico seguro.
Sipat 2025 reforça cultura de prevenção e combate ao assédio nos portos
Dias após firmar o acordo com a Polícia Federal, a Codeba voltou o foco para a segurança interna com a realização da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho e Assédio (Sipat) 2025. A programação abordou saúde mental, ética, respeito e prevenção ao assédio.
A Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e a Sipat atuam de forma complementar: a Cipa é permanente, identificando riscos e propondo melhorias; a Sipat é anual, com palestras e treinamentos. Com a Lei 14.457, a Cipa passou a receber e apurar denúncias de assédio, garantindo sigilo ao denunciante.
Para o engenheiro de segurança Lucas Tinti, a retomada da Cipa própria em 2024 deu mais agilidade e autonomia à Codeba. As ações incluem campanhas educativas, levantamentos de condições de trabalho e ginástica laboral semanal em parceria com o Sesi.
O presidente da Cipa no Porto de Salvador, Camilo Araújo, destaca que o objetivo é ir além do cumprimento legal, promovendo qualidade de vida e segurança. A Codeba mantém parcerias com o Ministério Público do Trabalho e o Sesi, alinhando práticas a padrões nacionais e internacionais.
Segundo a estatal, a meta é evoluir para um programa robusto de qualidade de vida, alinhado a princípios de ESG, integrando prevenção de riscos, operação portuária e respeito às pessoas.
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