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Mais de 80% dos candidatos baianos são reprovados no Exame da OAB

Entidade cobra atuação conjunta com MEC para melhorar a formação e reduzir reprovação

Por: Lorena Bomfim

12/08/202509:16

O Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), principal porta de entrada para o exercício da advocacia no país, segue sendo um grande desafio para os bacharéis em Direito. Na Bahia, 82,8% dos inscritos nas três edições realizadas em 2023 não conseguiram aprovação, segundo dados do site da OAB. Isso representa 19.770 candidatos reprovados no estado.

Mais de 80% dos candidatos baianos são reprovados no Exame da OAB
Foto: Divulgação/OAB SP

Na 40ª edição do exame, realizada em 2024, o cenário não foi diferente: apenas 1.342 candidatos foram aprovados, contra mais de 6 mil reprovados. O índice de reprovação é semelhante ao registrado em âmbito nacional. No primeiro certame de 2023, apenas 24.200 dos mais de 100 mil participantes em todo o país foram aprovados — uma taxa de 82% de reprovação.

A prova é composta por duas fases eliminatórias. A primeira, objetiva, contém 80 questões de múltipla escolha. Para avançar, é necessário acertar pelo menos 50% do exame. Já a segunda etapa, de caráter prático-profissional, exige respostas dissertativas.

Para Hermes Hilarião, vice-presidente da OAB-BA, a baixa qualidade dos cursos de Direito no Brasil é um dos principais fatores que explicam o alto índice de reprovação.

“Ao longo dos anos, houve uma expansão desenfreada dos cursos de Direito, mas essa ampliação não veio acompanhada de um compromisso com a qualidade. Isso se reflete diretamente nos altos índices de reprovação no Exame da OAB”, afirma.

Segundo ele, a entidade emite pareceres técnicos com critérios rigorosos para abertura de novos cursos ou ampliação de vagas, mas esses documentos não têm caráter vinculativo. Ou seja, mesmo quando a OAB se posiciona contra, o Ministério da Educação (MEC) pode autorizar a abertura de cursos.

Hilarião classifica o cenário como um “estelionato educacional”:

“Em muitos casos, estudantes fingem que estão aprendendo e instituições fingem que estão ensinando. Esse cenário é prejudicial para a sociedade, para os futuros profissionais e para a própria Justiça.”

O vice-presidente defende mudanças urgentes na legislação para que o parecer da OAB tenha força de decisão e para que MEC e OAB atuem de forma conjunta no controle da qualidade dos cursos de Direito.

“Precisamos elevar o padrão da formação jurídica no país. Só assim poderemos reverter esse quadro preocupante”, conclui.