Governo avalia retorno do horário de verão em 2025
Consumo segue alto mesmo no inverno e preocupa especialistas do setor
Por: Iago Bacelar
11/07/2025 • 12:21
O crescimento no consumo de energia elétrica no Brasil reacendeu o debate sobre a possível volta do horário de verão. Dados do setor mostram que, mesmo durante os meses mais frios de 2025, a demanda permaneceu elevada, contrariando a expectativa de queda no uso de eletricidade típica do inverno.
Em 2024, o país enfrentou uma série de ondas de calor prolongadas, o que resultou no uso intensivo de ar-condicionado e ventiladores em diversas regiões. Mesmo fora do verão, o consumo não cedeu. De acordo com os gráficos do setor, a demanda de energia no inverno de 2025 superou o pico registrado no mesmo período de 2024, com destaque para os marcadores indicativos em amarelo e vermelho.
Frio no Sul e Sudeste mantém consumo elevado
No atual inverno, frentes frias atingiram regiões como o Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste, provocando quedas significativas nas temperaturas. A resposta da população foi o uso intensificado de chuveiros elétricos e aquecedores, tanto em residências quanto em comércios. Esses equipamentos possuem elevado consumo de energia, contribuindo para a manutenção da demanda em patamares altos, mesmo nos períodos de frio.
Esse comportamento indica que o sistema elétrico nacional sofre pressão constante, independentemente da estação. O padrão anterior de redução significativa da demanda durante o inverno deixou de ocorrer, e os dados apontam para um aumento contínuo ano após ano.
Sistema elétrico pode enfrentar sobrecarga nos próximos meses
O alerta se volta agora para os próximos meses. Com a chegada do verão entre 2025 e 2026, especialistas temem que a demanda nos horários de pico ultrapasse os limites da capacidade de atendimento. Um dos principais gargalos atuais é a falta de linhas de transmissão suficientes para levar a energia eólica gerada no Nordeste até os grandes centros consumidores do Sudeste e Centro-Oeste.
Esse cenário pressiona o governo a retomar discussões sobre o horário de verão como forma de reduzir a carga nos horários críticos do sistema. Ainda que a medida não gere economia total significativa, ela pode ajudar a distribuir melhor a demanda ao longo do dia.
Debate sobre eficácia do horário de verão volta à pauta
O horário de verão consiste no adiantamento dos relógios, o que permite que parte das atividades do final do dia ocorra com iluminação natural. A intenção é aliviar a pressão sobre o sistema no início da noite, quando tradicionalmente ocorre o pico de consumo. No entanto, nos últimos anos, a concentração da demanda tem se deslocado para o meio da tarde, período em que o uso de aparelhos de refrigeração atinge o ápice.
Essa mudança no perfil de consumo reduziu a efetividade do horário de verão, segundo especialistas. Ainda assim, diante do risco de sobrecarga no sistema, a medida volta a ser considerada como alternativa viável, especialmente em grandes centros urbanos.
Medida exigirá planejamento técnico e operacional
Caso o governo opte por retomar o horário de verão entre 2025 e 2026, a decisão deverá ser anunciada com antecedência. A mudança exige ajustes técnicos e operacionais em diversos setores, como o transporte aéreo, sistemas bancários e serviços públicos. Trata-se de uma ação estratégica que demanda coordenação e comunicação entre diferentes áreas da sociedade.
O Ministério de Minas e Energia ainda não confirmou a retomada, mas a análise dos dados de consumo, aliados ao risco de pico de demanda, deve orientar uma decisão nos próximos meses. Enquanto isso, especialistas defendem medidas complementares, como investimentos em infraestrutura de transmissão e campanhas de uso consciente da energia.