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Econosfera

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Setores pressionam por isenção após sobretaxa de 50% dos EUA

Café, carne e madeira estão entre os produtos brasileiros afetados

Por: Victor Hugo Ribeiro

19/08/202507:00

Com a  uma nova sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, setores da economia do Brasil que serão afetados estão se mobilizando. Eles buscam a inclusão em uma nova lista de exceções que isente ou reduza a nova tarifa, que entrou em vigor na última quarta-feira (6).

Comércio Exterior
Foto: Divulgação/Tânia Rêgo/Agência Brasil

O presidente dos EUA, Donald Trump, já havia isentado cerca de 45% da pauta exportadora brasileira de ser afetada pelo aumento de tarifas. Essa lista de exceções inicial incluiu cerca de 700 produtos, como aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro.

No entanto, produtos como café, carne bovina, equipamentos de engenharia civil, açúcares e madeira serão sobretaxados, o que impacta 35,9% da pauta de exportações do Brasil para os EUA.

O objetivo principal dos setores prejudicados é entrar em uma possível nova lista de exceções. Para isso, empresários já iniciaram negociações com o governo brasileiro e com representantes do setor privado americano. O argumento principal é que a parceria comercial entre os países é complementar e que a taxação pode encarecer os produtos para o consumidor norte-americano.

A maior parte das associações que representam esses setores expressam grande preocupação com a situação.

  • A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) alerta que a taxação total da carne bovina pode chegar a 76%, tornando as exportações para os EUA economicamente inviáveis. A Abiec está em diálogo com importadores americanos e o governo brasileiro para encontrar uma solução.
  • A Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca) destaca que o mercado americano representa 70% das exportações brasileiras de pescados, movimentando mais de US$ 240 milhões. A entidade ressalta a necessidade de buscar soluções que preservem empregos e a estabilidade econômica do setor.
  • A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (Aipc) calcula uma perda de R$ 180 milhões e um aumento da ociosidade na indústria. A Aipc enfatiza que o mercado norte-americano, que é o segundo maior destino dos derivados de cacau do Brasil, se tornou economicamente inviável com a nova tarifa.

Apesar da preocupação geral, o setor do café se mostra mais otimista em conseguir uma redução na tarifa. O governo federal compartilha desse otimismo, pois os Estados Unidos têm uma produção interna de café muito pequena.

O setor privado brasileiro estima que cerca de 30% do café consumido nos EUA seja de origem brasileira. Por isso, a expectativa é que a alíquota final seja inferior a 50%, possivelmente entre 20% e 30%. Por outro lado, a carne bovina enfrenta mais resistência nas negociações para uma redução tarifária.