Ibovespa em alta e dólar em queda
Inflação e prévia do Fed mexem com o câmbio
Por: Ana Beatriz Fernandez Martinez
26/06/2025 • 18:59
Os mercados brasileiros tiveram um dia positivo nesta quinta-feira (26/6). O dólar caiu 0,99% frente ao real, encerrando cotado a R$ 5,49. Ao mesmo tempo, o Ibovespa avançou 1,01%, alcançando 137.133 pontos.
A moeda americana registrou queda generalizada no mercado global. O índice DXY, que compara o dólar com moedas fortes como euro e iene, atingiu o menor nível em três anos, ao recuar 0,49%, para 97.200 pontos. Também houve desvalorização em relação a moedas de países emergentes, como o peso mexicano e o peso colombiano.
O alívio nas tensões no Oriente Médio contribuiu para o movimento, mas o principal fator foi uma reportagem do Wall Street Journal indicando que Donald Trump pode antecipar a escolha do novo presidente do Federal Reserve (Fed), cujo mandato só começa em 2026. A notícia reacendeu expectativas de possíveis cortes nos juros americanos, influenciando os Treasuries – os títulos da dívida pública dos EUA. A taxa dos papéis de dois anos, por exemplo, caiu de 3,793% para 3,738%.
A Casa Branca negou qualquer intenção de antecipar a nomeação, mas o mercado já reagia às especulações.
No Brasil, fatores internos também influenciaram positivamente. Segundo Alexandro Nishimura, da Nomos, o IPCA-15 de junho veio abaixo do esperado, com desaceleração nos serviços e nos núcleos de inflação, além de uma difusão menor. Isso reforçou a expectativa de inflação mais controlada no curto prazo.
Outro dado relevante foi a arrecadação federal acima das projeções, o que gerou alívio momentâneo nas preocupações fiscais. Contudo, a tensão política aumentou com a derrubada, pelo Congresso, do decreto que elevava o IOF, o que fragilizou ainda mais a articulação do governo Lula.
Nishimura avaliou que a valorização do real refletiu tanto o cenário internacional quanto a leitura mais benigna da inflação. Além disso, os juros futuros caíram ao longo de toda a curva, especialmente nos prazos mais longos, diante da possibilidade de flexibilização da política monetária.
A economista Paula Zogbi, da Nomad, também destacou os impactos da revogação do aumento do IOF, medida que reduziu a carga sobre operações financeiras no curto prazo, mas evidenciou a fragilidade da estrutura fiscal brasileira.
Para André Valério, do Banco Inter, o real se fortaleceu principalmente por fatores externos, como a desconfiança gerada pelas ações de Trump sobre o Fed. Internamente, os dados do IPCA-15 e da arrecadação ajudaram a sustentar o bom desempenho do dia.
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