Logo

Dólar recua e Ibovespa renova recorde com foco no PIB brasileiro

Moeda americana cai enquanto índice da bolsa supera 164 mil pontos em meio à divulgação do PIB e tensão política em Brasília

Por: Redação

04/12/202512:04

A movimentação do dólar e do Ibovespa nesta quinta reflete a expectativa do mercado financeiro diante da divulgação do PIB do Brasil. Por volta das onze e meia da manhã, a moeda americana registrava queda de 0,35 por cento, cotada a R$ 5,2941, enquanto o principal índice da bolsa brasileira bateu seu recorde intradia ao superar a marca inédita de 164 mil pontos.

Foto Dólar recua e Ibovespa renova recorde com foco no PIB brasileiro
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O avanço do Ibovespa se sustentou em meio ao cenário de indicadores econômicos relevantes. No radar doméstico está o resultado do terceiro trimestre do PIB, que mostrou crescimento de 0,1 por cento entre julho e setembro. Em termos nominais, a economia movimentou R$ 3,2 trilhões no período, número monitorado por analistas que aguardam sinais sobre o futuro do ciclo de juros.

O ambiente político também permeou o humor dos investidores. A decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que restringiu à PGR a possibilidade de pedir impeachment de integrantes da Corte, elevou a tensão entre os Poderes. A medida gerou reação imediata no Senado e levou a AGU a solicitar a reconsideração da determinação.

Nos Estados Unidos, o mercado acompanha novos dados do trabalho, incluindo o volume de pedidos de seguro-desemprego. Um desempenho mais fraco pode reforçar a percepção de que o Federal Reserve está próximo de iniciar cortes na taxa de juros, movimento que já afeta o comportamento do dólar globalmente.

PIB do Brasil avança pouco e mostra perda de fôlego

O resultado de 0,1 por cento no PIB brasileiro do terceiro trimestre expôs sinais de desaceleração econômica. A atividade, que havia crescido 0,3 por cento nos meses anteriores, avançou menos do que o esperado pelos analistas. Mesmo assim, alguns setores trouxeram alívio, como a Indústria, que cresceu 0,8 por cento, e a Agropecuária, com alta de 0,4 por cento.

O segmento de Serviços, responsável pela maior fatia da atividade nacional, ficou praticamente estável, repetindo a mesma variação do consumo das famílias, ambos com desempenho tímido de 0,1 por cento. Os juros elevados dificultam o acesso ao crédito e reduzem o ritmo das compras, efeito que pressiona o cotidiano dos brasileiros. Por outro lado, os gastos do governo avançaram 1,3 por cento e ajudaram a sustentar a demanda interna.

A balança comercial também contribuiu para o resultado trimestral. As exportações cresceram 3,3 por cento impulsionadas por produtos como soja, carne e minério, enquanto as importações tiveram aumento moderado de 0,3 por cento. Mesmo com o tarifaço, parte dos exportadores conseguiu manter o ritmo de vendas internacionais.

Tensão institucional após decisão de Gilmar Mendes

O anúncio do ministro Gilmar Mendes sobre o impeachment de membros do STF reconfigurou o debate institucional. Com a decisão, apenas a Procuradoria Geral da República passa a ter legitimidade para apresentar pedidos de afastamento, mudança que desagradou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e acentuou o atrito entre Legislativo e Judiciário.

A AGU enviou manifestação pedindo que a cautelar seja suspensa até que o plenário do STF analise o tema. A discussão ganhou força porque, somente em 2025, cerca de trinta pedidos de impeachment contra ministros da Corte foram protocolados, a maioria por cidadãos comuns.