Carlos Henrique Passos projeta nova fase da indústria baiana até 2030
Presidente eleito da FIEB detalha desafios, infraestrutura, educação e atração de investimentos
Por: Domynique Fonseca
26/11/2025 • 13:03 • Atualizado
O programa Portal Esfera no Rádio, na Itapoan FM (97,5), apresentado por Luis Ganem, recebeu nesta quarta-feira (26) o empresário e presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique Passos, que foi eleito para o mandato 2026–2030. À frente da federação desde 2023, o dirigente fez um balanço dos dois primeiros anos de gestão e apresentou os principais eixos que devem nortear o novo ciclo da indústria baiana.
Durante a entrevista, Passos afirmou que a nova etapa da FIEB será marcada por renovação interna e continuidade de prioridades estratégicas. Segundo ele, a chapa eleita trouxe novos quadros e mantém o compromisso com um plano de ação ajustado à realidade econômica do país.
“A gestão começa, de fato, com novos propósitos e a responsabilidade de conduzir o sistema FIEB por mais quatro anos, enfrentando um cenário nacional e internacional desafiador”, declarou.
Henrique Passos destacou a infraestrutura como um dos pontos mais sensíveis para a competitividade da indústria baiana. Rodovias, portos, aeroportos, energia, saneamento e conectividade digital aparecem como áreas que exigem atenção imediata. A expectativa em torno das futuras concessões das BRs 116 e 324, consideradas vitais para o escoamento da produção e a logística no estado.
“Uma boa concessão é melhor que a precariedade. Precisamos de serviços de qualidade e custos compatíveis para fortalecer nossas cadeias produtivas”, avaliou.
Outro destaque foi a modernização dos aeroportos regionais. Ilhéus, Porto Seguro, Barreiras e Vitória da Conquista foram citadas como cidades estratégicas para o desenvolvimento do turismo e da indústria de consumo. Segundo Passos, ampliar a malha aérea e melhorar a segurança operacional são fatores decisivos para atrair negócios e investimentos.
Fim dos incentivos e novo modelo de atração
Com a transição da reforma tributária prevista para iniciar em 2026 e o término dos benefícios fiscais em 2032, a FIEB encomendou uma consultoria para mapear as principais angústias das empresas que hoje operam na Bahia. O levantamento preliminar aponta preocupações com infraestrutura, energia, capital humano e segurança pública.
A avaliação do presidente é de que, sem a “arma” dos incentivos fiscais, a Bahia precisará competir com outros estados por meio de qualidade de serviços, ambiente de negócios e mão de obra qualificada.
“Será preciso usar o fundo de compensação para infraestrutura, inovação, pesquisa e atração de investimentos”, defendeu.
Educação e qualificação como prioridade
A formação de profissionais capacitados é tratada como um dos eixos mais estratégicos da nova gestão. O SESI, braço social do sistema FIEB, lidera o Movimento pela Educação na Bahia, com foco na alfabetização na idade certa e na melhoria da qualidade do ensino público.
No próximo dia 15 de dezembro, municípios com melhores indicadores educacionais receberão reconhecimento em evento no Ministério Público da Bahia. Entre os destaques está Quixabeira, que obteve os melhores resultados no estado. “O diferencial é gestão, cuidado e valorização da educação”, afirmou Passos, ao defender políticas de longo prazo.
A FIEB também atua na qualificação da juventude e na formação técnica e superior, em parceria com instituições como IEL e Sebrae, este último onde Passos também exerce a vice-presidência do Conselho Deliberativo. Em 2024, ele passou a integrar ainda o Conselho Superior do Instituto Euvaldo Lodi.
Construção civil e juros altos
O desempenho da construção civil também entrou na pauta. Apesar do aquecimento impulsionado por obras públicas e programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida, o setor imobiliário de classe média sofre com os juros elevados.
Passos criticou a taxa básica a 15% ao ano, afirmando que ela desestimula a poupança e impacta diretamente o crédito habitacional. Ainda assim, destacou que os investimentos em infraestrutura feitos pelo Nordeste, superiores, somados, aos do Sudeste em 2024, ajudam a manter o setor em atividade.
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