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Regulação na Bahia piora e amplia espera por cirurgias e consultas

Auditoria do TCE-BA revela que 14 especialidades tiveram aumento no tempo para atendimento entre 2019 e 2024

Por: Redação

03/12/202511:08

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA) apontou um agravamento no tempo de espera da regulação da saúde baiana entre 2019 e 2024. Das 26 especialidades avaliadas, 14 apresentaram aumento no prazo para conseguir consultas, exames ou cirurgias, mesmo com a ampliação de leitos na rede estadual.

Foto Regulação na Bahia piora e amplia espera por cirurgias e consultas
Foto: Divulgação

O cenário mais crítico envolve cirurgia torácica, cuja fila passou de quatro para 10,4 dias em média. Também registraram piora significativa Hematologia (7,8 dias), Oncologia (6,7 dias), Urologia (5,7 dias) e Pneumologia (5,6 dias). Em algumas regiões, o atendimento pode demorar ainda mais.

A auditoria também identificou que apenas nove especialidades reduziram o tempo de espera, enquanto três permaneceram estáveis.

Causas da demora

O presidente do Conselho Estadual de Saúde, Marcos Gêmeos, afirma que a rede tem avançado com novos hospitais, mas ainda enfrenta gargalos estruturais. Entre eles, a baixa cobertura da atenção básica e a falta de especialistas em algumas regiões.

“Há locais em que não existe sequer um profissional da área, e muitos não querem se interiorizar”, explica.

Para Catharina Matos, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba, parte da lentidão também decorre do modelo de atenção primária pouco orientado à prevenção.

“Sem diagnóstico precoce e com baixa qualificação médica, a demanda cresce e pressiona a regulação”, diz.

O TCE-BA aponta ainda problemas como falta de médicos nas centrais de regulação, ausência de concursos públicos desde 2019 e dependência de mão de obra terceirizada. A centralização das demandas na Central Estadual de Regulação, que desde 2020 passou a absorver quase todo o estado, também intensificou a sobrecarga.

O relatório cita, ainda, falhas na infraestrutura das unidades, inconsistências no sistema Surem e desigualdade na distribuição de leitos entre as regiões.

A Sesab foi procurada para comentar os resultados da auditoria e explicar as ações adotadas para reduzir a espera, mas não respondeu até o fechamento desta edição.