Alvos da Operação Sinete negam fraudes; defesa fala em ‘equívocos’ nas provas
Familiares de Oyama Figueiredo rejeitam acusações e alegam mal-entendidos em investigações sobre grilagem e lavagem de dinheiro
Por: Redação
03/12/2025 • 09:48
Os suspeitos de envolvimento em fraudes fundiárias investigadas pela Operação Sinete, entre eles o empresário e ex-presidente da Câmara de Feira de Santana, Oyama Figueiredo, negaram qualquer prática ilegal durante coletiva concedida na tarde desta terça-feira (2). Além de Oyama, também são alvos sua filha e seus familiares: Luanda Cajado de Figueiredo Carvalho, Lívia Cajado de Figueiredo Cosmo e Pedro Henrique dos Reis de Figueiredo.
A Polícia Civil aponta o grupo como suspeito de crimes como falsificação documental, grilagem de terras e lavagem de capitais na região de Feira de Santana e municípios vizinhos. As prisões temporárias, inicialmente decretadas no dia 26 de novembro, foram prorrogadas pela Justiça no último domingo (30).
Os advogados Marco Aurélio Andrade Gomes e Yuri Carneiro, representantes dos quatro investigados, afirmaram em coletiva de imprensa que os clientes “estão abalados” e reiteram não ter cometido nenhuma irregularidade. Segundo Marco Aurélio, Oyama, de 76 anos, enfrenta problemas de saúde e a família entregou relatórios médicos às autoridades.
“Eles afirmam que não participaram de nenhuma das situações apontadas pela polícia. Não há ilicitude praticada por eles”, destacou.
Sobre a suspeita de que Oyama lideraria o esquema, o advogado afirmou que cabe ao Estado provar a acusação.
“O ônus da prova é de quem acusa. Alegar que alguém é chefe de organização criminosa requer base concreta. A defesa não tem obrigação de provar fato negativo”, afirmou.
Reprodução/ Redes sociais
Yuri Carneiro reforçou que parte das suspeitas estaria baseada em documentos e investigações antigas. “Há uma má interpretação de elementos muito antigos, de 2013 e 2015, ligados a questões cartorárias. As interceptações de 2025 não apontam qualquer atividade ilícita”, disse. Ele também afirmou que as prisões temporárias têm gerado transtornos à família, que apresenta problemas de saúde e uso de medicamentos específicos.
Prisões prorrogadas e bens bloqueados
As prisões temporárias dos sete investigados foram prorrogadas por mais cinco dias pela juíza Sebastiana Costa Bomfim, da 2ª Vara Criminal de Feira de Santana, sob o argumento de que ainda haveria risco de destruição de provas. A decisão mantém os suspeitos no Conjunto Penal de Feira de Santana, para onde foram transferidos na sexta-feira (28).
No âmbito da Operação Sinete, a Justiça também determinou o bloqueio de até R$ 6 milhões por CPF e até R$ 60 milhões por CNPJ, além do sequestro de bens. Durante o cumprimento dos 47 mandados de busca e apreensão, a polícia apreendeu 12 veículos de luxo, duas motocicletas, dinheiro, joias e documentos.
Ascom/PC-BA
O que aponta a investigação
Deflagrada pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), a Operação Sinete apura um esquema estruturado de falsificação e manipulação de documentos públicos e judiciais, incluindo suposto uso irregular de procurações, certidões e decisões judiciais para apropriação de propriedades. Em alguns casos, segundo a polícia, houve coação, violência e porte ilegal de arma.
As suspeitas também envolvem a participação de servidores de cartórios, empresários, corretores e agentes de segurança pública. As investigações avançaram a partir de interceptações telefônicas autorizadas, análises financeiras, diligências de campo e correições administrativas. Servidores públicos foram afastados cautelarmente de suas funções.
Ascom/PC-BA
Além de Oyama, também seguem presos:
Pedro Henrique dos Reis de Figueiredo
Lívia Cajado de Figueiredo Cosmo
Luanda Cajado de Figueiredo
Vanderlino Oliveira Evangelista
Geraldo Bispo Ferreira
Arnaldo Novais de Melo
A operação contou com apoio da Força Correcional Especial Integrada (Force), das Corregedorias das Polícias Civil e Militar e da Corregedoria-Geral de Justiça da Bahia. As apurações continuam, e a polícia busca ainda localizar um oitavo investigado com mandado de prisão em aberto.
Ascom/PC-BA
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