Disputa entre irmãos Klein avança em meio à venda das Casas Bahia
Litígio familiar envolve antecipação de valores e questionamentos judiciais
Por: Iago Bacelar
13/08/2025 • 13:00
A disputa judicial entre Saul Klein e Michael Klein pela herança do pai, Samuel Klein, fundador da rede de varejo, ganhou novo capítulo em meio à venda das Casas Bahia. O conflito ocorre paralelamente à transição de controle da empresa, anunciada no início deste mês.
Conflito pela antecipação da herança
O inventariante e testamenteiro Michael Klein contestou na Justiça o pedido do irmão Saul Klein para receber antecipadamente parte da herança deixada por Samuel Klein, morto em novembro de 2014.
Segundo Michael, o pedido foi feito com base em informações incorretas sobre o estado de saúde de Saul. A petição apresentada afirma que Saul não estava internado em estado grave na UTI do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, como havia alegado.
Contestação sobre estado de saúde
Os advogados de Michael Klein questionaram como Saul poderia declarar que estava internado em estado crítico no dia 16 de julho de 2025 e, poucos dias depois, não constar na lista de pacientes do hospital.
“Assim, a suposta condição médica de Saul foi utilizada como mero artifício para tentar justificar o pleito de antecipação de valores”, aponta o documento judicial.
Além disso, a defesa de Michael ressaltou que Saul é beneficiário de plano de saúde do Bradesco Seguro, o que cobriria despesas médicas, e destacou que não foram apresentados comprovantes de gastos hospitalares.
Condenação e histórico judicial
A disputa pela herança se estende há cerca de uma década. Em 2023, Saul Klein foi condenado a pagar R$ 30 milhões por tráfico de pessoas. Na época, afirmou enfrentar altos custos com cirurgias e tratamentos.
Desde o início do processo, a fortuna deixada por Samuel Klein foi estimada em R$ 260 milhões. Corrigido pela inflação, esse valor pode chegar a aproximadamente R$ 500 milhões.
Venda e mudança de controle das Casas Bahia
Enquanto a disputa familiar avança, a Mapa Capital assumiu o controle do Grupo Casas Bahia (BHIA3) ao alcançar 85,5% do capital social da empresa. O movimento ocorreu após a conversão de R$ 1,4 bilhão em debêntures da 10ª emissão.
A transação gerou cerca de 558,8 milhões de ações ordinárias, avaliadas em R$ 1,5 bilhão, com preço médio de R$ 2,95 por ação. A operação foi feita por meio da subsidiária Domus VII Participações.
Estratégia da nova gestão
A Mapa Capital pretende implementar mudanças na administração da varejista, entre elas:
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aumento do Conselho de Administração para sete membros
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indicação de três conselheiros
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nomeação de integrantes para os comitês internos
Segundo comunicado oficial, o objetivo é ajustar a gestão da companhia para fortalecer indicadores e desempenho das ações.
Implicações do caso
O caso que envolve os irmãos Klein reúne disputas jurídicas, questões patrimoniais e repercussões empresariais relevantes para o setor varejista. A combinação da batalha pela herança com a reestruturação do controle acionário das Casas Bahia coloca o nome da família em destaque tanto no Judiciário quanto no mercado financeiro.
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