Moraes diz que Eduardo Bolsonaro prejudicou relação do Brasil com os EUA
Ministro do STF afirmou que falsas narrativas abalaram a diplomacia brasileira
Por: Iago Bacelar
18/08/2025 • 13:00
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atuou para difundir desinformação e comprometer o relacionamento do Brasil com os Estados Unidos.
Declarações sobre relações internacionais
Em entrevista ao Washington Post, divulgada em 18 de agosto, Moraes disse que sempre buscou inspiração no sistema democrático americano e em pensadores como John Jay, Thomas Jefferson e James Madison.
“Todo constitucionalista tem uma grande admiração pelos Estados Unidos”, afirmou o ministro.
Segundo ele, a relação de amizade entre os dois países foi prejudicada por narrativas falsas ligadas a aliados do ex-presidente Donald Trump. Moraes citou nominalmente Eduardo Bolsonaro como um dos responsáveis.
“Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento. Foram sustentadas pela desinformação disseminada por essas pessoas nas redes sociais”, declarou. O ministro acrescentou que o Brasil busca esclarecer os fatos.
Sanções e investigações em andamento
Moraes comentou as sanções impostas pela Lei Magnitsky, que incluem bloqueio de bens e restrições de visto.
“É agradável passar por isso? Claro que não é agradável”, disse. Apesar das restrições, o ministro afirmou que continuará seu trabalho no STF.
Ele lembrou que a Polícia Federal (PF) mantém um inquérito para investigar a participação de políticos dos Estados Unidos em ataques contra o Brasil. “Enquanto houver necessidade, a investigação continuará”, completou.
Resposta a críticas de Marco Aurélio Mello
O ministro também respondeu ao ex-colega Marco Aurélio Mello, que havia declarado estar “triste com a deterioração da instituição”. Moraes defendeu a atuação do STF durante os ataques à democracia.
“Não há como recuarmos naquilo que precisamos fazer”, afirmou. Ele comparou a Corte a uma “vacina” diante do risco de autocracia.
Moraes ressaltou ainda que, mesmo após ser incluído na lista de sanções internacionais, o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) seguirá normalmente.
“Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro sequer”, disse. “Receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido.”
Julgamento de Bolsonaro e aliados
O presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, marcou o julgamento do núcleo 1 da ação penal para setembro de 2025. O grupo inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, todos réus por tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As sessões extraordinárias foram convocadas para 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, das 9h às 12h, além de uma sessão em 12 de setembro, das 14h às 19h. Sessões ordinárias também ocorrerão em 2 e 9 de setembro, das 14h às 19h.
Três núcleos ainda aguardam análise
Além do núcleo principal, outros três grupos respondem criminalmente por participação na tentativa de golpe. Esses processos ainda não entraram em fase de alegações finais e permanecem sem data definida para julgamento.
