O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que enxerga duas faces de Donald Trump e destacou avanços após o telefonema de 40 minutos feito ao líder norte americano na terça. No relato dado à TV, Lula disse que sempre se surpreende com Trump e reforçou que o comportamento exibido na TV não corresponde ao tom visto nas conversas privadas.

Pelo que relatou o presidente, essa foi a terceira conversa entre os dois desde que os Estados Unidos impuseram sanções e tarifas ao Brasil, situação que motivou parte da longa ligação.

Durante a entrevista, ele comemorou a retirada da tarifa adicional de 40% aplicada a produtos como carne, café e frutas, movimento dos EUA que ampliou as exceções ao tarifaço adotado no fim de novembro.

Pressão por novas concessões

Na avaliação de Lula, ainda há medidas pendentes que precisam ser revistas, sobretudo as tarifas que permanecem em vigor e que afetam setores específicos da economia brasileira. Depois de comentar as negociações comerciais, o presidente afirmou que expôs a Trump a importância de fortalecer o diálogo entre as duas maiores democracias do continente.

Conforme o que disse Lula, os dois também discutiram o enfrentamento a organizações criminosas internacionais em um tom considerado produtivo pelo governo brasileiro.

Cooperação contra o crime

Ao detalhar o teor da conversa, Lula mencionou que enviou documentos aos EUA e reforçou que o Brasil está disposto a atuar em cooperação nas áreas sensíveis, incluindo regiões de fronteira.

No balanço final, ele classificou o contato como extraordinário e disse acreditar que a boa relação pessoal estabelecida deve destravar novos anúncios positivos em breve.

Ao relembrar o encontro informal com Trump na Assembleia Geral da ONU, em setembro, Lula destacou que a “química” voltara a aparecer na ligação e que isso cria espaço para avanços na agenda bilateral.