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'Estou disposto a ir às últimas consequências', diz Eduardo Bolsonaro sobre Moraes

Deputado diz em entrevista que liberdade deve prevalecer sobre economia

Por: Iago Bacelar

14/08/202509:07Atualizado

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reafirmou que continuará atuando para pressionar autoridades brasileiras por meio de sanções internacionais. A declaração foi feita em entrevista à BBC News Brasil, em Washington, onde o parlamentar cumpre agenda com aliados do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

'Estou disposto a ir às últimas consequências', diz Eduardo Bolsonaro sobre Moraes
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Reuniões nos Estados Unidos

Eduardo Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo chegaram a Washington na quarta-feira (13) para uma série de encontros com autoridades do governo Trump. Ambos são apontados, inclusive por integrantes do governo brasileiro, como articuladores das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.

O deputado afirmou que o governo Trump possui “diversas ferramentas” para exercer pressão sobre o Brasil e citou a Lei Global Magnitsky como um dos instrumentos possíveis.

“Trump segue tendo uma possibilidade muito grande na sua mesa sobre a aplicação de sanções. Há a extensão da Lei Magnitsky para outras pessoas. Há, na mesa do secretário Marco Rubio, a retirada de vistos, entre outros mecanismos de pressão para tentar fazer com que o Brasil saia dessa crise institucional que nós vivemos”, disse o parlamentar.

Anistia e impeachment

Eduardo Bolsonaro defendeu que o Congresso dê andamento ao projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e ao processo de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele não descartou que presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), sejam alvo de sanções se não iniciarem as tramitações.

“Se no futuro nada for feito, talvez a gente tenha também o Alcolumbre e o Hugo Motta figurando nessa posição. Eles já estão no radar e as autoridades americanas têm uma clara visão do que está acontecendo no Brasil”, afirmou.

Críticas ao STF e acusações

O deputado classificou como “fantasiosas” as acusações que enfrenta no Supremo Tribunal Federal. Ele é investigado por suposta coação no curso do processo, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado democrático de direito.

Na entrevista, chamou Alexandre de Moraes de “mafioso” e disse que o ministro “faz todo o Brasil de refém”. Também criticou a advogada Viviane Barci Moraes, esposa do ministro, defendendo que ela seja sancionada por suposto conflito de interesses.

Liberdade acima da economia

Eduardo Bolsonaro justificou seu apoio às tarifas impostas por Trump sobre produtos brasileiros. A medida pode impactar setores como café, carne e mel, mas o parlamentar defende que a população suporte os efeitos.

“Vale a pena lutar. A nossa liberdade vale mais do que a economia”, afirmou, acrescentando que considera o Brasil uma ditadura.

Segundo ele, as sanções não têm caráter pessoal, embora incluam o ex-presidente Jair Bolsonaro entre os beneficiados da anistia. O deputado afirmou que o foco é impedir a consolidação do que chama de “regime” no Brasil.

Relação com Tarcísio de Freitas e eleições

Questionado sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o deputado disse que o aliado tem “visão diferente” e que acredita em diálogo com Alexandre de Moraes, mas reforçou que vê necessidade de “radicalização” e aplicação da Lei Magnitsky.

Eduardo afirmou que Jair Bolsonaro é o seu candidato à Presidência em 2026. Caso o pai não possa concorrer, ele apoiará quem Jair indicar.

Licença e permanência no exterior

Eleito deputado federal pela primeira vez em 2014, Eduardo Bolsonaro foi reeleito em 2018 com mais de 1,8 milhão de votos, recorde histórico no país. Em 2022, garantiu novo mandato.

Em março de 2025, anunciou licença do cargo e mudou-se para o Texas, onde vive com a família. O prazo da licença terminou em 20 de julho, mas o destino do mandato permanece indefinido.

Desde então, tem se posicionado como um dos principais defensores das sanções norte-americanas contra autoridades brasileiras. O parlamentar afirma viver em “exílio” e alega ser alvo de perseguição política.

Novas sanções

Na quarta-feira (13), dia da chegada de Eduardo a Washington, Marco Rubio anunciou novas sanções contra autoridades brasileiras, desta vez relacionadas ao programa Mais Médicos. O deputado comemorou a medida em suas redes sociais.

“EUA anunciam mais restrições e perda de vistos para autoridades brasileiras! Obrigado Presidente Trump e secretário Rubio”, escreveu.

Eduardo Bolsonaro reforçou que seguirá “até às últimas consequências” para retirar Alexandre de Moraes do STF. Segundo ele, a pressão internacional é necessária para “restaurar a harmonia entre os poderes” no Brasil.

Veja vídeo da entrevista com a BBC: