Israel enfrenta isolamento internacional após dois anos de guerra
Reconhecimento do Estado da Palestina por países ocidentais aprofunda o isolamento diplomático de Israel
Por: Lorena Bomfim
07/10/2025 • 09:38
A guerra na Faixa de Gaza completa dois anos nesta terça-feira (7) com mais de 67 mil mortos e um cenário de destruição e fome generalizada. Mesmo com avanços em um possível acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, o conflito provocou o isolamento internacional de Israel, que enfrenta críticas e sanções de antigos aliados.
Durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi vaiado e ignorado por diversas delegações, incluindo a do Brasil, em protesto contra a ofensiva israelense. O líder relembrou os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixaram 1,2 mil mortos e 251 reféns — dos quais 48 permanecem sob o grupo, sendo 20 vivos.
O isolamento de Israel se intensificou após o reconhecimento do Estado da Palestina por países como França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal, além de sanções em estudo pela União Europeia. O país também responde a processos por genocídio na Corte Internacional de Justiça e tem Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Para o professor James Onnig, da Facamp, o ataque de Israel foi “desproporcional” e resultou em “naufrágio político e humanitário” no cenário global. Já o pesquisador Fernando Brancolli, da UFRJ, afirma que a imagem do país está profundamente comprometida:
“Israel passou de vítima a acusado de genocídio. Vai ser difícil recuperar essa imagem”, afirma.
A crise humanitária em Gaza segue alarmante. Segundo a ONU, além dos 67 mil mortos e 169 mil feridos, mais de 1,1 milhão de palestinos foram forçados a deixar suas casas, e 82% da Faixa de Gaza está sob ordens de evacuação.
A fome atinge 100% da população das províncias de Deir al-Balah e Khan Younis, e uma em cada três crianças sofre de desnutrição. O Comitê Internacional de Resgate (IRC) estima que Gaza tenha o maior número de crianças amputadas per capita no mundo.
A Comissão de Inquérito da ONU acusa Israel de bloquear a entrada de ajuda humanitária e impor “condições de vida insuportáveis” à população. Especialistas afirmam que Gaza vive uma das piores crises humanitárias contemporâneas, e o caminho para a reconstrução política e social deve ser lento e incerto.