Xi, Putin e Kim lado a lado em desfile que desafia o Ocidente
Evento em Pequim celebra 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial
Por: Iago Bacelar
02/09/2025 • 13:00
A China realiza nesta quarta-feira (3), no horário local, um desfile militar na Praça da Paz Celestial, em Pequim, para marcar os 80 anos da rendição do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial. O evento, que também ocorre na noite de terça-feira no horário de Brasília, simboliza uma nova fase nas relações internacionais.
A cerimônia ganha destaque pela presença de Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un, reunidos em uma demonstração inédita de aproximação entre China, Rússia e Coreia do Norte, sem a participação de líderes de potências ocidentais.
Estrutura do desfile
Com duração prevista de 70 minutos, o desfile reúne mais de 10 mil soldados e cerca de 100 aeronaves. O país também exibe equipamentos terrestres de ponta e drones de última geração, reforçando o poderio militar chinês diante da comunidade internacional.
Ao todo, 26 chefes de Estado foram convidados, mas a ausência de representantes de países ocidentais chama atenção. A iniciativa reforça o tom político da celebração, que vai além da memória histórica da guerra.
Nova configuração geopolítica
O encontro simboliza mudanças profundas no cenário internacional após a invasão da Ucrânia em 2022. A China consolidou-se como principal parceira econômica da Rússia, importando no último ano cerca de 130 bilhões de dólares em produtos russos. O valor é mais que o dobro do registrado pela Índia, segundo maior importador, que movimentou 63 bilhões.
A parceria entre os dois países não é formalmente uma aliança de defesa, mas reflete uma cooperação política e econômica que fortalece os interesses mútuos e projeta influência sobre o chamado Sul Global.
A presença de Kim Jong-un
A participação de Kim Jong-un é um dos pontos mais simbólicos da cerimônia. O líder norte-coreano raramente viaja ao exterior e esta será sua primeira visita à China desde 2019. Desde que assumiu o poder em 2011, Kim realizou apenas dez viagens internacionais.
Sua última aparição fora do país ocorreu em 2023, em encontro com Putin em um porto espacial no extremo leste da Rússia. O gesto reforça a aproximação estratégica entre os três líderes e sinaliza novos alinhamentos políticos.
Aliança estratégica em ascensão
A reunião de Xi, Putin e Kim representa mais do que um ato militar. É uma mensagem clara de cooperação estratégica em meio a tensões globais, ainda que não configure uma aliança formal de defesa. A presença conjunta fortalece a percepção de um bloco alternativo de poder que busca ampliar espaço na política internacional.
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