Relatório aponta fome alarmante em Gaza; Israel nega crise humanitária
641 mil pessoas podem passar fome
Por: Victor Hugo Ribeiro
22/08/2025 • 17:59 • Atualizado
Um relatório divulgado nesta sexta-feira (22) pelo Sistema de Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC) revelou um cenário crítico de insegurança alimentar na Faixa de Gaza. De acordo com o documento, 541 mil palestinos – mais de um quarto da população local – já enfrentam fome, número que pode aumentar em cerca de 641 mil pessoas até o final de setembro.
A agência destacou a situação alarmante no norte do enclave, onde cerca de 280 mil pessoas sofrem com falta grave de alimentos. A previsão é de que a crise se espalhe para outras regiões, como Deir al-Balah e Khan Younis, nas próximas semanas.
Segundo o IPC, a fome em Gaza é resultado direto do prolongado conflito entre Israel e o grupo Hamas, que já dura quase dois anos. O relatório também aponta que a gravidade no norte pode ser ainda maior do que em Gaza Cidade, mas a falta de dados detalhados impede uma classificação mais precisa.
Pressão internacional sobre Israel
Diante do quadro, cresce a pressão internacional para que Israel permita maior entrada de ajuda humanitária no enclave palestino. O monitor global da fome já havia alertado que novas áreas poderiam entrar em estado de calamidade caso as restrições de acesso a alimentos não fossem aliviadas.
Israel, no entanto, rejeitou as conclusões do estudo, classificando-o como “falso e tendencioso”. O governo israelense argumenta que os dados utilizados pelo IPC são, em grande parte, fornecidos pelo Hamas e não levam em conta o envio de carregamentos de ajuda humanitária. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou: “Não há fome em Gaza”.
Critérios internacionais para declarar situação de fome
Para que uma região seja oficialmente classificada como em estado de fome, a ONU estabelece três critérios principais:
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Pelo menos 20% da população deve enfrentar escassez extrema de alimentos;
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Uma em cada três crianças precisa estar gravemente desnutrida;
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Pelo menos duas pessoas em cada 10 mil devem morrer diariamente de fome ou desnutrição.
Especialistas alertam que Gaza está cada vez mais próxima desses parâmetros, reforçando a urgência de medidas concretas para evitar um colapso humanitário de maiores proporções.
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