Netanyahu nega fome em Gaza após mortes por desnutrição e pressão internacional
ONU e Palestina contestam versão israelense sobre crise alimentar em Gaza
Por: Iago Bacelar
28/07/2025 • 18:00
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou nesta segunda-feira que “não há fome em Gaza” e que não existe qualquer política de fome em meio aos conflitos entre Israel e Hamas. A afirmação foi feita nas redes sociais no mesmo dia em que o Ministério da Saúde da Palestina informou 14 novas mortes por desnutrição em 24 horas.
Segundo o governo palestino, 147 pessoas já morreram de fome, incluindo 88 crianças, desde o início da guerra em outubro de 2023. O número alarmante reacendeu críticas de agências humanitárias e lideranças internacionais, que reforçam os alertas sobre a grave escassez de alimentos no território.
Trump rebate fala de Netanyahu e pede ajuda internacional
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu à fala de Netanyahu em entrevista à imprensa durante visita à Escócia, ao lado do premiê britânico Keir Starmer. Questionado sobre a situação em Gaza, Trump contestou o premiê israelense.
“Com base na televisão, eu diria que não, principalmente porque essas crianças parecem estar com muita fome. Estou buscando alimentar as pessoas agora. Essa é a posição número um, porque há muita gente passando fome”, disse Trump nesta segunda-feira.
O ex-presidente americano afirmou que outras nações devem se mobilizar para enfrentar a crise. Segundo ele, a presidente da União Europeia, Ursula Von der Leyen, teria prometido que os países europeus vão se mobilizar em torno da ajuda humanitária.
ONU denuncia situação alimentar crítica na Faixa de Gaza
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a entrada de ajuda humanitária em Gaza permanece extremamente limitada. Agências ligadas à entidade reforçam que a desnutrição já atingiu níveis alarmantes entre a população palestina, especialmente crianças.
Em resposta ao agravamento da situação, o exército israelense anunciou uma “pausa tática” diária de 10 horas para permitir o fluxo de alimentos e medicamentos. A suspensão da atividade militar vale das 10h às 20h (horário local) em áreas sem presença ativa de tropas, como Cidade de Gaza, Deir al-Balah e Al Mawasi.
Segundo comunicado oficial dos militares, a medida será mantida até novo aviso e rotas seguras estarão disponíveis entre 6h e 23h. A decisão foi coordenada com a ONU e outras entidades após reuniões sobre a situação no enclave.
Pressão por cessar-fogo e divergências nas negociações
O premiê britânico Keir Starmer também se manifestou sobre a crise. Durante a coletiva, ele destacou que a população do Reino Unido está “revoltada” ao ver imagens de pessoas vivendo em condições insalubres e de fome extrema. Ele pediu avanço nas negociações de paz e agradeceu o apoio de Trump.
“Precisamos chegar a esse cessar-fogo, e obrigado, senhor presidente, por liderar isso”, afirmou Starmer.
A possibilidade de trégua, no entanto, enfrenta impasses. O próprio Netanyahu voltou a afirmar, em 9 de julho, que trabalha com os Estados Unidos para realocar palestinos da Faixa de Gaza para outros países, enquanto mantém como prioridade a libertação dos reféns, vivos ou mortos.
A organização Hamas declarou que as negociações de paz enfrentam dificuldades. Os principais entraves seriam a entrada de ajuda humanitária, a retirada completa das tropas israelenses da região e garantias de cessar-fogo permanente.
Trump diz ter evitado seis guerras durante seu mandato
Ainda durante a entrevista, Trump afirmou que sua presença evitou múltiplos conflitos internacionais. Ele citou tensões entre países como Índia e Paquistão e, mais recentemente, o confronto entre Tailândia e Camboja, que resultou em um cessar-fogo imediato nesta segunda-feira após intervenção diplomática.
“Se eu não estivesse por perto, vocês teriam, agora mesmo, seis grandes guerras acontecendo”, disse o ex-presidente. Ele atribui os resultados a medidas como sanções comerciais e negociações diretas com líderes internacionais.
Enquanto isso, a crise em Gaza se aprofunda e aumenta a pressão por soluções definitivas. A comunidade internacional aguarda avanços nas negociações e medidas efetivas para garantir a proteção de civis e o acesso à ajuda humanitária.
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