PF investiga suspeita de superfaturamento em obras ligadas a Adolfo Viana
Intervenções foram executadas pela empresa Allpha Pavimentações, cujos sócios, os irmãos Alex e Fábio, foram presos preventivamente em dezembro de 2024 Parente
Por: Redação
09/10/2025 • 12:30 • Atualizado
A Polícia Federal (PF) apura possíveis irregularidades em obras de pavimentação realizadas nos municípios baianos de Juazeiro e Novo Horizonte. Os contratos, avaliados em R$ 7 milhões, foram viabilizados por meio de emendas do deputado federal Adolfo Viana (PSDB-BA) e são alvo da Operação Overclean, que investiga indícios de superfaturamento.
As intervenções foram executadas pela empresa Allpha Pavimentações, cujos sócios, os irmãos Alex e Fábio Parente, foram presos preventivamente em dezembro de 2024. Segundo a PF, Alex Parente visitou o gabinete de Adolfo Viana na Câmara dos Deputados 22 vezes entre 2021 e 2024.
Os contratos, que somam R$ 40,7 milhões, foram firmados após licitação conduzida pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). À época, o órgão na Bahia era coordenado por Lucas Maciel Lobão, indicado político do deputado.
De acordo com as investigações, dois dias após Lobão solicitar o orçamento para o pregão, em junho de 2021, Alex Parente fez sua primeira visita ao gabinete de Viana. Uma apuração anterior, também relacionada a recursos direcionados pelo parlamentar, já havia apontado sobrepreço em outra contratação e levado ao afastamento de Lobão do Dnocs. Depois disso, ele teria passado a atuar como lobista para os irmãos Parente, auxiliando em supostas negociações de fraudes e propinas.
Em 2023, uma semana após um novo encontro com Alex Parente, Adolfo Viana destinou R$ 3 milhões em emendas Pix à Prefeitura de Camaçari. O município também é investigado por superfaturamento em contratos de limpeza com a empresa Larclean, pertencente aos mesmos irmãos Parente. Segundo a PF, a empresa cobrava por serviços de dedetização com valores até 660% acima do preço de mercado.
Procurada, a Prefeitura de Camaçari informou que as responsabilidades cabem à gestão anterior, comandada por Antônio Elinaldo Araújo da Silva (União Brasil), que não se manifestou.
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgado em outubro de 2023, apontou que R$ 4,2 milhões foram superfaturados nas obras da Allpha junto ao Dnocs. Em novembro do mesmo ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a suspensão dos pagamentos e contratos.
Os irmãos Parente são investigados por fraude em licitações, corrupção e desvio de verbas públicas. Segundo a PF, o empresário Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo”, seria o líder do esquema.
Embora ainda não tenha sido alvo direto da Operação Overclean, o nome de Adolfo Viana aparece em ofícios de emendas encontrados durante buscas no Dnocs. Até o momento, o deputado e os empresários envolvidos não se pronunciaram.
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