O deputado estadual Jurailton Santos (Republicanos) apresentou na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) indicações aos governos estadual e municipal para que as ações do Novembro Negro contemplem também o público negro que é simpatizante ou adepto da religião cristã. Segundo o parlamentar, é comum que os projetos voltados à celebração da cultura negra priorizem apenas as religiões de matriz africana.

Nas proposições, o deputado reforça que cabe ao poder público promover políticas de enfrentamento ao racismo, incentivo à cultura e ações que assegurem justiça e reparação social. No pedido encaminhado ao prefeito de Salvador, Bruno Reis, e à secretária municipal de Cultura e Turismo, Ana Paula Matos, ele solicitou a inclusão de atividades voltadas ao público cristão na programação do evento Novembro Salvador Capital Afro.

“A presente proposição tem por finalidade fomentar a valorização das práticas religiosas de natureza cristã exercidas pelo público afrodescendente, até o momento não contempladas na programação”, justificou o parlamentar.

Para o deputado, embora o evento fomente a valorização das expressões religiosas, culturais e sociais do povo negro, ainda há “uma lacuna” por não incluir a população negra de religião cristã. Ele cita dados do IBGE (2022) que mostram um crescimento de 42,7% no número de evangélicos no Brasil em relação ao censo de 2010. Na Bahia, 23,3% da população é evangélica, e a cada dez pessoas, seis se declaram católicas.

Em outra solicitação, encaminhada ao governador Jerônimo Rodrigues e ao secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, Jurailton defende a criação do projeto Novembro Bahia Território Afro, com o objetivo de ampliar a programação e promover uma celebração “que valorize a população negra baiana em todas as suas extensões, sem exceções”.

“A iniciativa da Prefeitura de Salvador reforça a importância da representatividade e valorização da afrodescendência em território baiano, uma vez que cerca de 79,5% dos baianos se autodeclaram negros”, destacou o deputado.

Jurailton também ressaltou que a ascensão da religião cristã na Bahia, especialmente o protestantismo, desde a década de 1970, ocorreu majoritariamente pelos esforços da população negra. Segundo ele, essa base foi “fundamental para o fortalecimento das igrejas e comunidades cristãs no estado ao longo dos anos”.