Deputado Niltinho revela bastidores da ruptura do PP com governo baiano
Parlamentar foi o entrevistado desta quinta-feira (12), no programa Portal Esfera no Rádio
Por: Domynique Fonseca
11/12/2025 • 13:03 • Atualizado
O deputado estadual Nilton Silva Bastos Junior, o Niltinho (PP), foi o entrevistado desta quinta-feira (11), no programa Portal Esfera no Rádio, da Itapoan FM (97,5), apresentado por Luis Ganem. Durante a conversa, o parlamentar revisitou os bastidores da crise que levou o Progressistas a romper com o governo da Bahia em 2022 e comentou sua decisão de deixar a federação com o União Brasil.
Niltinho lembrou que, à época, havia um acordo interno para que o então vice-governador João Leão assumisse o comando do Estado por nove meses, abrindo espaço para a construção de uma candidatura do senador Otto Alencar (PSD).
“Era um ponto pacificado. A expectativa de Leão era natural, não só dele, mas de muitos deputados porque assumi o governo meses antes da eleição fortaleceria o partido”, disse.
Segundo o deputado, Leão teria feito “gestos de afeto” e promessas informais de cargos a aliados, o que gerou desconforto dentro do grupo governista, liderado pelo então governador Rui Costa: “Existia uma liderança muito forte em torno de nomes como Jaques Wagner, que para mim é a maior liderança da história da Bahia, e do senador Otto Alencar, que dispensa comentários.”
O parlamentar destacou a postura firme do senador Otto Alencar no Congresso, citando sua atuação recente contra a votação acelerada de um projeto no Senado.
“São gestos como esse que nos motivam na política”, afirmou.
Niltinho também comentou as especulações sobre uma possível candidatura de Otto Filho ao governo. Para ele, o momento não era favorável:
“Otto Filho é seríssimo, um homem de palavra, mas precisava ‘comer mais feijão’. A chance de ser indicado era pequena. Isso pesou no processo.”
Consequências do rompimento
Com a saída do PP da base governista, o partido perdeu espaço significativo na administração estadual.
“Perdemos três secretarias e estruturas importantes, como a CERB, que leva água às comunidades rurais. São instrumentos que fortalecem um partido e permitem entregar políticas públicas”, explicou.
O deputado destacou ainda o fortalecimento do PSD no atual governo: "Hoje o PSD concentra pastas estratégicas como Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano, o que naturalmente reforça sua força política.”
Niltinho também falou sobre sua decisão de sair da federação PP–União Brasil. Ele disse que nunca recebeu convite para permanecer no União e que sua posição política sempre esteve mais próxima ao centro-esquerda.
“Minhas relações e minhas bases sempre estiveram nesse campo. Não fazia sentido disputar uma eleição por um partido que não estará alinhado ao projeto que defendemos. Seria incoerente”, declarou.
Segundo o deputado, tanto Mário Negromonte Júnior (PP) quanto João Leão pediram que ele permanecesse, mas ele optou por manter sua coerência política.
“Estivemos três anos na base do governo. Não faria sentido abandonar esse barco agora.”
Niltinho avaliou ainda que ACM Neto, líder do União Brasil na Bahia, deverá comandar as decisões da federação na próxima eleição, mais um motivo que, segundo ele, reforçou sua saída.
