Logo
Menu

Política

Buscar

Pesquisa mostra divisão sobre veto de Moraes a Bolsonaro nas redes sociais

Levantamento revela empate técnico entre críticas e apoio à medida do STF

Por: Iago Bacelar

01/08/202512:00

Levantamento do PoderData realizado entre 26 e 28 de julho de 2025 mostra que 40% dos brasileiros consideram “errada” a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que proibiu o ex-presidente Jair Bolsonaro de utilizar as redes sociais. Do outro lado, 36% avaliam que a medida foi “certa”. Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, os resultados indicam um empate técnico.

Pesquisa mostra divisão sobre veto de Moraes a Bolsonaro nas redes sociais
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Outros 25% dos entrevistados afirmaram não saber opinar sobre o caso.

O que diz a decisão de Moraes

A medida foi determinada em 18 de julho, no contexto da ação penal em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado. Moraes impôs restrições severas, como a proibição de uso de redes sociais, comunicação com diplomatas e outros réus do Supremo, e determinou o uso de tornozeleira eletrônica.

Além de vetar qualquer publicação própria, a decisão também proíbe reproduções de vídeos, áudios ou textos ligados ao ex-presidente, mesmo que divulgados por terceiros. Na prática, entrevistas públicas e declarações em atos também estão vetadas.

Em nova decisão datada de 21 de julho, Moraes reforçou os limites e alertou que qualquer tentativa de burlar a decisão pelas redes resultaria em prisão preventiva imediata.

Críticas à medida e reação internacional

O teor da decisão provocou reações distintas entre juristas e analistas políticos. O ministro aposentado do Supremo, Marco Aurélio Mello, chamou a medida de “ambígua”. Já o advogado e colunista do Poder360, André Marsiglia, destacou que a decisão pode causar um efeito inibidor sobre a liberdade de expressão.

"Quando não há uma proibição direta, mas um desestímulo ao exercício da liberdade de expressão, o resultado pode ser o mesmo", afirmou Marsiglia.

A repercussão foi além das fronteiras brasileiras. Em 30 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluiu Moraes na Lei Magnitsky, utilizada para sancionar autoridades acusadas de violações de direitos humanos. Segundo o decreto americano, o ministro do STF “usou seu cargo para autorizar detenções arbitrárias preventivas e suprimir a liberdade de expressão”.

Antes disso, o Departamento de Estado dos EUA já havia revogado o visto de Moraes e de seus familiares.

Apoio à decisão entre opositores de Bolsonaro

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, defendeu a medida do STF. Segundo ele, o objetivo de Moraes é impedir o uso das redes por Bolsonaro como forma de estimular apoiadores contra a ordem institucional.

"A medida pretende evitar que Bolsonaro utilize as redes sociais para atiçar as hordas bolsonaristas ávidas por uma saída que não seja democrática para uma crise que eles próprios criaram", afirmou Carvalho.

O Grupo Prerrogativas reúne juristas alinhados ao governo Lula e críticos da operação Lava Jato.

Detalhes da pesquisa PoderData

A pesquisa foi realizada pela empresa PoderData, pertencente ao grupo Poder360 Jornalismo, com recursos próprios. A coleta foi feita por telefone (celular e fixo), abrangendo 2.500 entrevistas em 182 municípios das 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

O instituto informou que realiza dezenas de milhares de ligações até alcançar um recorte estatístico fiel da população. Em alguns levantamentos, são feitos mais de 100 mil telefonemas.

Voto em 2022 influencia percepção sobre Moraes

O estudo também cruzou os dados com as declarações de voto no segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Entre os que dizem ter votado em Jair Bolsonaro, 50% avaliam a decisão de Moraes como errada, enquanto 27% a consideram certa.

No grupo que afirma ter votado no atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 44% apoiam a decisão do ministro, e 32% são contra.