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O que muda com a tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil

Medida entra em vigor em 1º de agosto com abertura para negociação comercial

Por: Iago Bacelar

10/07/202507:49Atualizado

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA. A medida, que entra em vigor no dia 1º de agosto de 2025, foi comunicada oficialmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio de carta.

EUA anunciam tarifa de 50% sobre produtos do Brasil
Foto: Reprodução/Instagram @realdonaldtrump

A tarifa será aplicada de forma ampla, sem vínculo com medidas setoriais já em vigor, como as que atingem aço e alumínio. Desde março, esses dois produtos já vinham sendo taxados em 25%, alíquota que foi elevada para 50% no início de junho. Agora, o “tarifaço” passa a atingir todas as mercadorias de origem brasileira que entram nos Estados Unidos.

Pressões comerciais e política interna motivam medida

Na carta enviada ao presidente Lula, Trump voltou a criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado em 2022, e relacionou o processo às novas sanções comerciais impostas ao Brasil.

“A maneira como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um Líder Altamente Respeitado em todo o Mundo durante seu Mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma desgraça internacional”, escreveu Trump.

O presidente norte-americano também acusou o Brasil de atacar a liberdade de expressão de empresas e cidadãos americanos, citando medidas judiciais contra plataformas digitais. Para Trump, isso compromete as relações comerciais entre os países e justifica o aumento das tarifas.

Possibilidade de revisão está condicionada à abertura de mercado

Apesar do tom crítico, a carta de Trump também indicou que a medida poderá ser reavaliada, caso o Brasil elimine o que ele classificou como barreiras tarifárias e não tarifárias às mercadorias dos EUA.

“Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do nosso relacionamento com seu país. Vocês nunca ficarão decepcionados com os Estados Unidos da América”, afirmou o presidente norte-americano.

Trump também orientou o Representante de Comércio dos EUA a iniciar uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil, com foco em práticas comerciais digitais consideradas injustas pelas autoridades americanas.

Vice-presidente do Brasil critica decisão e defende equilíbrio comercial

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, considerou a medida prejudicial às economias dos dois países. Segundo ele, o Brasil oferece isenção tarifária para grande parte das exportações norte-americanas e o relacionamento comercial é baseado em integração produtiva.

“Dos 10 produtos que eles mais exportam para nós, em oito a alíquota é zero. É o chamado X-tarifário. É uma medida que, em relação ao Brasil, é injusta e prejudica para a própria economia americana”, afirmou Alckmin.

Dados oficiais mostram que, em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos cresceram 9,4% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 40,3 bilhões. Os principais itens exportados incluem ferro, aço e aeronaves. Já as importações de produtos dos EUA subiram 7,1% no mesmo período, chegando a US$ 40,6 bilhões, o que aponta um déficit comercial para o Brasil.

Escalada tarifária começou com aço e alumínio e se ampliou ao longo do ano

Desde o início de seu novo mandato, Trump já vinha ameaçando adotar tarifas mais elevadas contra países do Brics, como Brasil e China. Em março, ele impôs uma tarifa geral de 25% sobre o aço e o alumínio. Em abril, oficializou nova alíquota de 10% sobre outros produtos brasileiros. A decisão mais recente, no entanto, representa a maior elevação já aplicada contra o Brasil durante sua gestão.

Serviço: quando a nova tarifa entra em vigor

A nova alíquota de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos entra em vigor no dia 1º de agosto de 2025. A medida afeta todas as mercadorias, independentemente do setor, e produtos redirecionados para evitar a taxação também estarão sujeitos à tarifa.

A decisão poderá ser revista futuramente, conforme a relação comercial entre os países evolua e mediante eventuais mudanças nas políticas tarifárias do Brasil.