O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o vice-presidente Geraldo Alckmin para integrar a delegação brasileira em uma reunião com o presidente norte-americano, Donald Trump. O encontro, previsto para ocorrer por telefone ou videoconferência na próxima semana, também contará com o chanceler Mauro Vieira e o assessor especial Celso Amorim.

A escolha de Alckmin reflete seu protagonismo nas tratativas bilaterais que envolvem o recente aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Segundo Vieira, o vice-presidente se colocou à disposição para viajar a Washington e discutir o tema pessoalmente, caso haja interesse da Casa Branca.

Apesar da mobilização, a avaliação de autoridades brasileiras é que a reunião dificilmente trará mudanças imediatas. A estratégia do governo é reforçar junto a Trump que o Executivo não interfere nas decisões judiciais que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, destacando a autonomia do sistema de Justiça no país.

Do lado comercial, representantes brasileiros devem insistir na retirada de tarifas sobre produtos como café e carne bovina, enquanto os Estados Unidos devem retomar a pressão pela redução da taxação do etanol exportado ao Brasil.

O possível encontro ganhou força após o discurso de Trump na 80ª Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira (23). O norte-americano sinalizou abertura ao diálogo com Lula, elogiou o Brasil e afirmou ter sentido uma “química” positiva com o petista.

Na mesma ocasião, Lula reafirmou a rejeição à anistia como medida de pacificação interna, reiterou a independência do Judiciário e criticou “ataques unilaterais externos”, em referência às políticas norte-americanas.