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China amplia mercado para café brasileiro com habilitação de 183 empresas

Medida chinesa abre portas em meio à incerteza com o principal mercado comprador do produto

Por: Lorena Bomfim

04/08/202510:06

A China autorizou 183 novas empresas brasileiras a exportarem café para o país. O anúncio foi feito pela Embaixada da China no Brasil, por meio de publicação nas redes sociais. A medida, que entrou em vigor no dia 30 de julho, tem validade de cinco anos.

 Café brasileiro
Foto: Cristina Indio do Brasil

O mesmo dia marcou a oficialização da nova política tarifária dos Estados Unidos contra o Brasil. O governo do presidente Donald Trump determinou que, a partir de 6 de agosto, o café brasileiro passará a ser taxado em 50% para entrar no mercado norte-americano. A medida causou apreensão entre exportadores e produtores do setor.

Apesar de ter concedido cerca de 700 exceções — como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis — o café ficou de fora da lista. Diante disso, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) informou que seguirá em tratativas para tentar incluir o produto entre os itens isentos da nova taxação.

Em 2024, os Estados Unidos foram o principal destino do café brasileiro, responsáveis por cerca de 23% das exportações, com destaque para o grão arábica, essencial para a indústria local de torrefação. Somente no primeiro semestre de 2025, o país importou 3.316.287 sacas de 60 quilos. Já a China aparece em décimo lugar no ranking, com 529.709 sacas no mesmo período — volume 6,2 vezes menor que o dos EUA, segundo dados do Cecafé.

Ainda assim, o mercado chinês apresenta forte potencial de crescimento. Dados divulgados durante a semana mostram que, entre 2020 e 2024, as importações líquidas de café pela China cresceram 13,08 mil toneladas. O consumo per capita ainda é baixo — cerca de 16 xícaras por ano —, o que contrasta com a média global de 240. Segundo a publicação da Embaixada, “o café vem conquistando espaço no dia a dia dos chineses”.

O Ministério da Agricultura e o Cecafé ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a habilitação das empresas brasileiras pela China. Especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, afirmam que os produtores deverão redirecionar parte da produção para outros mercados, o que exigirá agilidade logística e estratégias comerciais para mitigar prejuízos à cadeia produtiva nacional.