Remoção de próteses e reversão estética ganham força
Movimento busca padrões de beleza mais naturais no Brasil
Por: Victor Hugo Ribeiro
05/08/2025 • 06:00
Com base nos dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o número de remoções de próteses mamárias no Brasil mais que dobrou entre 2019 e 2023. Essa tendência de reversão de procedimentos estéticos também é vista em outros países, como o Reino Unido e os Estados Unidos, que registraram quedas na procura por preenchimentos faciais. Isso indica um movimento impulsionado por celebridades e influenciadores em direção a uma beleza mais natural, o que sugere uma mudança nos padrões estéticos.
Razões para a Reversão de Procedimentos
Especialistas brasileiros relatam um aumento expressivo na busca pela reversão de procedimentos, especialmente em casos de harmonização facial malfeita. O dermatologista Daniel Coimbra aponta que muitas dessas intervenções são feitas com técnicas inadequadas, produtos de baixa qualidade ou por profissionais sem a qualificação necessária, o que resulta em riscos para a saúde e a autoestima dos pacientes.
Segundo o especialistas plástico, o principal motivo da reversão é a insatisfação com o resultado artificial. Pacientes, especialmente aqueles entre 40 e 55 anos, sentem que a harmonização facial os deixou menos naturais e não se reconhecem mais. Os procedimentos mais revertidos envolvem preenchimentos com ácido hialurônico em lábios, olheiras e mandíbula, que podem ser dissolvidos com uma enzima chamada hialuronidase.
Complicações de saúde também motivam a reversão. O ácido hialurônico, apesar de ser absorvível, pode causar inchaço crônico. Casos mais graves ocorrem com o uso de materiais permanentes, como PMMA e silicone, que se misturam aos tecidos e são quase impossíveis de remover por completo. O uso de bioestimuladores também pode causar nódulos que exigem cirurgia.
No caso das próteses mamárias, as remoções são motivadas pela "doença do silicone" (síndrome ASIA), que causa sintomas como dor e fadiga crônica, além de complicações como contratura capsular e ruptura das próteses.
Desafios para da Cirurgia
A decisão de reverter procedimentos também está ligada a fatores psicológicos, como o arrependimento e a dificuldade de reconhecer a própria imagem. A psicóloga clínica Rogéria Taragano observa que a insatisfação persistente pode ser um sinal de transtorno dismórfico corporal (TDC), uma condição em que a pessoa tem uma visão distorcida e negativa de sua própria imagem. O aumento de casos de TDC em clínicas de estética é significativamente maior do que na população em geral.
As redes sociais e seus filtros também influenciam a percepção corporal, especialmente em jovens, que comparam sua imagem real com versões manipuladas e desenvolvem insatisfação e baixa autoestima.
A reversão de procedimentos é um desafio para os profissionais, que muitas vezes não sabem qual substância foi usada, sua quantidade ou profundidade de aplicação. Em alguns casos, a reversão total é impossível. O dermatologista Daniel Coimbra enfatiza a importância de uma consulta médica que vá além da técnica, identificando sinais de transtornos de imagem e propondo objetivos realistas. A responsabilidade ética do profissional é crucial, especialmente diante da diversidade de categorias que podem realizar esses procedimentos no Brasil.
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