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Catto celebra recepção de novo repertório: ‘Sinto que encontrei minha galera’

Cantora se apresentou em Salvador no último fim de semana

Por: Gabriel Pina

21/10/202508:20Atualizado

Um ano após levar para Salvador o emblemático show da turnê “Belezas São Coisas Acesas Por Dentro”, que compõe os trabalhos do disco de mesmo nome que faz um tributo à obra da baiana Gal Costa, a cantora Catto voltou neste final de semana para a capital baiana, como parte das atrações do festival Sangue Novo.

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Foto: Gabriel Pina/Portal Esfera

A artista trouxe ao público baiano o show da turnê do seu primeiro disco autoral em sete anos “CAMINHOS SELVAGENS”, lançado em maio deste ano e descrito por ela mesma como o seu trabalho “mais pessoal”.

Ao longo de oito faixas, o disco de Catto explora letras e arranjos autorais para construir as narrativas de uma vivência intensa e sobretudo emocional. O resultado é uma obra descrita como um rock dramático, considerado um dos melhores lançamentos do ano pela revista de música Billboard Brasil.

A artista conversou com o Portal Esfera sobre a turnê do seu novo disco, além do trabalho com o repertório de Gal e os impactos que tudo isso tem causado na Catto que vemos nos palcos e na que se apresenta para a vida. Confira:

Como é o processo de transformar um disco tão íntimo em um show para festival?

“Foi um processo bem desafiador. E ele está acontecendo ainda, porque hoje foi o nosso segundo show em festival neste formato. A gente vem fazendo o "CAMINHOS SELVAGENS" em teatros. O show é novo, né? Ele estreou em julho. Então, a gente ainda está sentindo a reação do público com o disco novo, porque ficamos dois anos fazendo Gal, um trabalho que comunica muito com o público.

Mas, eu percebo o quanto esse trabalho, através da visceralidade das letras, também está comunicando com as pessoas. De outro jeito, mas muito mais valioso por ser as minhas próprias palavras.”

 

Como está sendo voltar aos palcos com esse show?

“Então, o show está muito interessante porque a gente estava muito à vontade. Chegou um momento da turnê em que estamos totalmente à vontade tocando. E quando se chega nesse momento de curtir o show, gozar com as músicas, olhar nos olhos das pessoas e elas estarem cantando.

A gente só lança disco para poder viver isso, sentir a emoção do público recebendo e devolvendo para a gente tudo que foi colocado naquele trabalho. ”

 

Qual é a sensação de ver o público abraçando esse repertório novo?

É o sonho da minha vida realizado. Eu sinto vontade até de chorar. A gente demora muito tempo como artista para poder sentir essa troca e essa devolutiva do público nesse nível. Fazer um disco como "CAMINHOS SELVAGENS", após o tributo a Gal, foi um desafio muito grande, porque o 'Caminhos' é um trabalho absolutamente íntimo e autobiográfico.

Quando a gente é uma pessoa que vive situações de tanta vulnerabilidade emocional, onde a gente passa por essas pedradas de tanta rejeição a vida inteira, me fez sentir medo de ser rejeitada de novo.

Me veio muitos fantasmas daquele tempo de adolescente incompreendida. Mas hoje eu não sou mais uma adolescente incompreendida e isso faz mais sentido agora, de que me sinto, de fato, entendida e que eu encontrei a minha galera. Fiquei muito emocionada de ver o público podendo me dar esse abraço que esperei por tanto tempo.”

Foto: Gabriel Pina/Portal Esfera

Foto: Gabriel Pina/Portal Esfera


Passados dois anos da turnê do 'Belezas', que rendeu mais de 70 apresentações em todo o mundo, o que cantar Gal Costa te ensinou enquanto artista?

"O que mais me acrescentou ao cantar esse repertório foi o quanto ele me ensinou tecnicamente como cantora, intérprete, performer, diretora e muitas outras coisas que faço coletivamente. 

Cantar Gal Costa para uma cantora é como fazer Shakespeare para uma atriz. Acho que tem um momento em que a artista performa uma obra clássica como parte de sua formação profissional.

Então, esse projeto foi uma maneira muito interessante de engrandecer minha técnica e aprofundar minha interpretação. Justamente por cantar Gal, sentia que precisava ter mais verdade como nunca.”

 

Você imaginava que esse encontro com Gal traria tantas coisas positivas?

“Foi um encontro surpreendente para mim. Eu nunca pensei na minha carreira que eu fosse ser essa cantora que ia cantar Gal, porque sempre a idolatrei, até de uma forma meio inalcançável, porque ela sempre foi das cantoras que eu mais admirei como conjunto da obra; cantora, intérprete, estética, musa

A gente nasceu no mesmo dia, librianas do dia 26 de setembro. Então, de certa forma, o 'Belezas' caiu como luva em mim porque a gente compartilha de alguma coisa em comum, a mesma sensação de liberdade dos discos dela. Aquelas músicas me traduziam de uma maneira muito louca".

 

De que forma esse trabalho te tocou pessoalmente?

"Como a gente estava saindo da pandemia (época do lançamento do disco, em 2023), cantar Vaca Profana, Tigresa, Esotérico, Vapor Barato, me emocionava de uma maneira até um pouco política e existencial, por estar reencontrando o público. Antes desse projeto, eu estava presa na minha casa fazendo lives, vivendo um momento de crescimento, mas de muita tristeza. Então, foi muito bonito poder estar cantando para as pessoas um repertório que a gente compartilha.

Eu não sou a tigresa, nem a Gal, nem a Bethânia, e sim todas nós. Tem músicas que falam sobre um Brasil. Então, cantar Gal é de certa forma também fazer uma homenagem à música brasileira e aos maiores compositores dessa terra".

Foto: Gabriel Pina/Portal Esfera

Foto: Gabriel Pina/Portal Esfera


 

Setlist "CAMINHOS SELVAGENS" - Festival "Sangue Novo" 2025

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação