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Morre Lô Borges, ícone do Clube da Esquina e um dos grandes nomes da MPB

Cantor e compositor mineiro faleceu aos 73 anos, em Belo Horizonte, vítima de falência múltipla de órgãos

Por: Redação

03/11/202511:24

O cantor e compositor Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina e referência incontornável da música popular brasileira, morreu aos 73 anos, em Belo Horizonte, na noite deste domingo (2). A informação foi confirmada pela família do artista nesta segunda-feira (3).

Foto Morre Lô Borges, ícone do Clube da Esquina e um dos grandes nomes da MPB
Foto: Flávio Charchar

De acordo com a assessoria do hospital onde estava internado, Lô faleceu às 20h50, vítima de falência múltipla de órgãos. Ele estava na UTI desde 17 de outubro, após sofrer intoxicação por medicamentos. No dia 25 de outubro, o músico passou por uma traqueostomia e seguia sob ventilação mecânica.

Uma vida dedicada à música

Nascido Salomão Borges Filho, no bairro Santa Tereza, região Leste da capital mineira, Lô era o sexto de 11 irmãos. Desde criança, mostrava talento e curiosidade pela música. Aos 10 anos, nas escadas do Edifício Levy, conheceu o vizinho Milton Nascimento, com quem formaria uma das parcerias mais importantes da MPB.

Em entrevista ao Conversa com Bial, em 2023, Lô relembrou o primeiro encontro:

“Sentei na escadaria e vi um cara tocando violão era o Bituca. Eu tinha 10 anos e ele, 20. Ele me olhou e disse: ‘Você gosta de música, né, menino?’”.

Pouco tempo depois, nas ruas do centro de Belo Horizonte, conheceu outro parceiro musical: Beto Guedes. “Eu fiquei encantado pela patinete dele, abordei o cara, e o cara era Beto Guedes”, contou.

De volta ao Santa Tereza, Lô mergulhou na efervescência cultural do bairro. Milton Nascimento continuava a visitar a família Borges, e foi em um desses encontros que nasceu a música “Clube da Esquina”, que daria nome ao movimento musical e ao álbum lançado em 1972 considerado, meio século depois, o maior disco brasileiro de todos os tempos.

Gravado por Lô Borges e Milton Nascimento, o disco foi também eleito o nono melhor da história mundial pela revista norte-americana Paste Magazine, em um ranking de 300 álbuns icônicos. No mesmo ano, Lô lançou seu primeiro trabalho solo, conhecido como “Disco do Tênis”, um clássico do rock e da MPB.

O sucesso repentino levou o artista a se afastar temporariamente dos palcos. Ele viveu um período em Arembepe, na Bahia, onde continuou compondo.

“Eu não parei de fazer música. Quando voltei, em 1978, estava mais maduro. Foi quando gravei o Via Láctea, um dos meus discos mais importantes”, disse certa vez.

Nos anos 1980, Lô voltou a se apresentar em turnês por todo o Brasil, com destaque para o álbum “Sonho Real”(1984). Já na década de 1990, retomou o sucesso nacional com a parceria com Samuel Rosa, do Skank, na canção “Dois Rios”.

Mais recentemente, o cantor mantinha uma rotina criativa intensa: desde 2019, lançava um álbum de inéditas por ano. Seu último trabalho, “Céu de Giz”, lançado em agosto de 2025, foi feito em parceria com Zeca Baleiro.

Com uma carreira marcada pela sensibilidade poética e pela sonoridade inovadora, Lô Borges deixa um legado eterno na música brasileira, lembrando que das esquinas de Belo Horizonte nasceu uma das páginas mais belas da MPB.