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Hallyu: Brasil vira potência no consumo da onda cultural coreana

K-pop, doramas e cinema sul-coreano movimentam bilhões e lotam estádios no país

Por: Domynique Fonseca

13/09/202511:43Atualizado

A explosão mundial do K-pop, o sucesso dos doramas e os recordes de bilheteria do cinema sul-coreano não são coincidência. Eles fazem parte da Hallyu, a onda cultural da Coreia do Sul que transformou o país em potência do entretenimento e encontrou no Brasil um dos seus maiores mercados fora da Ásia.

Foto Hallyu: Brasil vira potência no consumo da onda cultural coreana
Foto: Reprodução/Paulo Pinto/Agência Brasil

O avanço da Hallyu pelo mundo ganhou impulso com a internet e as redes sociais. No início, fãs desempenharam papel crucial ao traduzir, de forma não oficial, músicas, filmes e séries para outros idiomas, permitindo que o conteúdo chegasse a novos públicos. Hoje, a indústria do entretenimento coreano consolidou sua presença no mercado internacional, e o Brasil se tornou um dos maiores polos de consumo dessa produção.

De acordo com dados de 2023, o interesse brasileiro pelo k-content movimentou US$ 31,5 bilhões, com previsão de crescimento de 6% ao ano até 2027. O país ocupa a 2ª posição no ranking mundial de consumo da Hallyu e é, atualmente, o 5º maior mercado de k-pop no planeta.

K-pop lota estádios e lidera streams

O impacto do K-pop no Brasil é inegável. Entre 2018 e 2023, o número de streams do gênero cresceu 326% no país, registrando avanço médio de 47% ao ano no Spotify. Lançamentos coreanos frequentemente alcançam o topo das paradas nacionais.

Um exemplo recente foi a turnê DominAte, do grupo Stray Kids, que em abril de 2025 arrastou multidões no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ao todo, mais de 170 mil pessoas prestigiaram os três shows, com direito a data extra após a alta procura por ingressos.

Doramas conquistam o público brasileiro

Não é apenas a música que mobiliza fãs. Os k-dramas ocupam cada vez mais espaço no streaming e já figuram entre as produções mais vistas pelos brasileiros. Levantamentos mostram que 90% do público nacional consome doramas, sendo que 55% assistem episódios semanalmente.

Esse sucesso justifica a vinda de atores para encontros presenciais. Prova disso é o fanmeeting de Park Bo-gum, marcado para setembro em São Paulo, com ingressos esgotados em poucas horas.

A influência da Hallyu vai além do entretenimento. Os rituais de skincare coreano inspiraram a indústria cosmética no Brasil, que já desenvolve produtos direcionados ao público fã de doramas e K-pop. Marcas como a Embelleze lançaram linhas inspiradas nesse universo, como o “Novex Ritual Dorama”.

A gastronomia coreana também ganhou espaço. Restaurantes especializados e produtos como o tradicional kimchi se tornaram tendência entre brasileiros interessados na culinária do país asiático.

Todo esse movimento faz parte de uma estratégia de soft power da Coreia do Sul. Para consolidar a relação com o Brasil, a Korea Creative Content Agency (KOCCA) inaugurou em São Paulo, em 2025, um escritório para fomentar parcerias e negócios criativos em setores como audiovisual, games, música, moda e novas tecnologias.

Fundada em 2009, a KOCCA é uma iniciativa do governo sul-coreano dedicada a apoiar indústrias criativas e ampliar a presença internacional da cultura do país. No Brasil, sua chegada reforça o papel estratégico do mercado nacional como vitrine para a Hallyu na América Latina.

Do K-pop às séries de TV, passando pelo cinema, moda, beleza e gastronomia, a cultura coreana já faz parte do cotidiano brasileiro. A julgar pelos números de público, streams e movimentação financeira, a onda coreana no Brasil não dá sinais de recuo. Ao contrário: promete crescer ainda mais nos próximos anos.