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Jequié e Juazeiro lideram ranking de violência do Brasil

Ranking do FBSP aponta cidades baianas entre as mais letais do país

Por: Iago Bacelar

25/07/202517:20Atualizado

As cidades baianas Jequié e Juazeiro figuram entre os municípios mais violentos do Brasil, segundo o Anuário de Segurança divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os dados, referentes ao ano de 2024, mostram que os dois municípios ocupam o segundo e o terceiro lugar do ranking, com taxas de mortalidade que superam 70 mortes a cada 100 mil habitantes.

Jequié e Juazeiro lideram ranking de violência do Brasil
Foto: Divulgação/Pixabay

Cenário de violência em Jequié

Jequié registrou 131 mortes violentas no último ano, com uma taxa de mortalidade de 77,6 por 100 mil habitantes. Do total de vítimas, 44 mortes foram decorrentes de ações policiais, o que significa que 1 em cada 3 mortes no município envolveu agentes do Estado.

A violência na cidade está fortemente ligada à disputa entre facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), representadas por grupos locais chamados Tudo 2 e Tudo 3. Essas organizações atuam há pelo menos uma década, promovendo homicídios e ampliando a sensação de insegurança. A chegada de uma nova facção, conhecida como Tropa do Pão, acirrou ainda mais os confrontos, mas a prisão de seu líder, chamado Dinho Beição, conteve o avanço do grupo.

Outra liderança presa recentemente foi Juca, chefe do PCC na região. Ele foi capturado em fevereiro deste ano pela Polícia Federal em Santa Catarina. A facção, no entanto, se manteve ativa ao formar alianças com o Bonde do Maluco (BDM).

Números de Jequié

Taxa de mortalidade: 77,6

Mortos: 131

Mortes por intervenção policial: 44

Juazeiro também enfrenta guerra entre facções

Localizada no norte da Bahia, Juazeiro ficou em terceiro lugar no ranking de cidades mais violentas, com 194 mortes violentas em 2024 e uma taxa de 76,2 por 100 mil habitantes. O número representa um crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior. Entre as mortes, 42 foram causadas por intervenções policiais.

Na cidade, o tráfico de drogas e a disputa entre o Bonde do Maluco (BDM) e a facção dissidente chamada Honda explicam boa parte da violência. Neste ano, cinco detentos ligados ao crime organizado foram transferidos do presídio local para o Conjunto Penal de Serrinha, de segurança máxima. Entre eles estava Diogo Bernardino, líder da Honda, que comandava as ações criminosas de dentro da prisão. Robson dos Santos, acusado de atuar no tráfico e de envolvimento em homicídios, também foi transferido.

Números de Juazeiro

Taxa de mortalidade: 76,2

Mortos: 194

Mortes por intervenção policial: 42

Ações da Secretaria de Segurança

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que houve redução no número de mortes violentas nos últimos dois anos, com queda de 6% em 2023 e 8,2% em 2024. A pasta destacou ainda que a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) desenvolveu operações específicas em Jequié, sem detalhar as datas ou estratégias empregadas.

Sobre os casos de letalidade policial, a SSP afirmou que todas as ocorrências são investigadas pela Polícia Civil e pelas corregedorias. A secretaria destacou a adoção de medidas para aperfeiçoar o controle da atividade policial, como a Portaria nº 070-CG/2025 da Polícia Militar da Bahia. O documento prevê afastamento e acompanhamento psicológico de policiais envolvidos em ocorrências com mortes, além de suporte jurídico e emocional.

Contexto da violência na Bahia

A presença de facções, a disputa por territórios e a forte influência do tráfico de drogas mantêm os índices de violência elevados em municípios do interior baiano. Jequié e Juazeiro são exemplos claros dessa realidade, que exige atuação conjunta das forças de segurança para conter a escalada da criminalidade.