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Facções usam pistas aéreas para tráfico e garimpo ilegal na Amazônia

PCC e Comando Vermelho recorrem a aviões e helicópteros após seca histórica

Por: Lorena Bomfim

31/08/202517:00

A seca histórica de 2023 e 2024 levou facções criminosas, especialmente o Primeiro Comando da Capital (PCC), a recorrer a aviões e helicópteros como alternativa aos barcos para o transporte de drogas, armas e ouro extraído de garimpos ilegais. No Amazonas, autoridades de segurança já identificaram cerca de 200 pistas clandestinas usadas para pousos e decolagens.

Facções usam pistas aéreas para tráfico e garimpo ilegal na Amazônia
Foto: Divulgação/ PF

A logística das facções na região amazônica segue o regime de cheias e vazantes dos rios. Em períodos de maior volume de água, embarcações conseguem driblar a fiscalização, enquanto na seca os caminhos se estreitam, dificultando o transporte. Após o pioneirismo do PCC, o Comando Vermelho (CV) também começou a utilizar rotas aéreas com mais frequência.

A maioria das pistas identificadas é de terra, algumas gramadas e outras asfaltadas. Algumas contam com infraestrutura para pousos noturnos e servem de apoio a pequenas aeronaves que transportam cargas ilegais ou pessoas envolvidas em atividades criminosas. Além das pistas clandestinas, aeródromos regulares, como o de Novo Aripuanã, também são usados para operações ilícitas.

Relatórios indicam que as pistas servem não apenas ao tráfico de drogas e armas, mas também ao transporte de suprimentos e escoamento de ouro de garimpos ilegais. Algumas delas facilitam o acesso a áreas de desmatamento ilegal e ocupação de terras públicas.

A concentração de pistas ocorre principalmente ao longo do Rio Madeira e nas bordas do Amazonas, próximas às divisas com Rondônia, Acre, Pará e Roraima. No Alto Solimões, na fronteira com Peru e Colômbia, há apenas três pistas identificadas, usadas pelo CV na rota fluvial entre Tabatinga e o Atlântico. Autoridades apontam que criminosos muitas vezes cooptam ou obrigam moradores locais a colaborar com suas operações.

Apesar das dificuldades, algumas ações de combate têm sido bem-sucedidas. Entre fevereiro e março, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Amazonas (FICCO/AM) descobriu três pistas em Careiro, inutilizou dois helicópteros e um avião e destruiu 4.000 litros de combustível. Muitas das aeronaves apreendidas estão em condições precárias, levantando questionamentos sobre sua capacidade de voar.