Um mês depois de ter a perna amputada em decorrência de um atropelamento em Salvador, o corredor Emerson Pinheiro, de 29 anos, recebeu alta hospitalar e falou pela primeira vez com a imprensa na última terça-feira (16). Em coletiva acompanhada por familiares, amigos e advogados, ele se emocionou ao relatar a fase de adaptação e o foco na reabilitação.

“O próximo desafio é voltar a ficar de pé novamente. E daí, caminhar, e tocar os treinos”, declarou o atleta, que sonha em disputar os Jogos Paralímpicos.

O acidente ocorreu em 16 de agosto, no bairro da Pituba, área nobre da capital baiana. Emerson, estudante de Educação Física, pratica atletismo há cerca de quatro anos, mas começou a correr em 2014, quando ingressou no Exército Brasileiro. Agora, mais magro e em cadeira de rodas, ele disse que mantém a fé como combustível para enfrentar a nova etapa da vida.

“Manter a fé sempre. Independente de qualquer religião, a gente tem que ter fé. Desistir, jamais”, afirmou.

Decisão judicial libera motorista

Enquanto Emerson falava sobre o futuro, a Justiça divulgava a decisão que tornou Cleydson Cardoso Costa Filho, de 26 anos, réu por tentativa de homicídio com dolo eventual. O juiz Paulo Sérgio Barbosa de Oliveira concedeu liberdade provisória ao motorista, que deverá cumprir medidas restritivas, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de dirigir e afastamento da vítima e de sua família.

Cleydson, filho da vereadora Débora Santana (PDT), deve deixar o Complexo Penal da Mata Escura nesta quarta-feira (17). Ele era secretário parlamentar na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), mas foi exonerado após a prisão.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) aponta que o motorista dirigia alcoolizado, em alta velocidade e de forma imprudente quando perdeu o controle do carro, atingiu o corredor e destruiu parte de um quiosque. Inicialmente autuado por lesão corporal culposa, ele passou a responder por tentativa de homicídio qualificado.

O MP destacou ainda que o impacto não apenas expôs a vítima ao risco, mas também outras pessoas que transitavam pela via.

O advogado criminalista Rogério Matos, que representa Emerson, lamentou a decisão judicial de conceder liberdade provisória.

“Recebemos com pesar a soltura do acusado. Por outro lado, há o reconhecimento da denúncia apresentada pelo MP-BA. A partir de hoje, ele responde como processado criminalmente”, disse.

Enquanto o processo segue na Justiça, Emerson concentra as forças na recuperação e em retomar a rotina esportiva. O jovem atleta, agora símbolo de superação, espera transformar a dor em motivação para seguir correndo, mesmo diante dos novos desafios.