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Onde o Estado não entra: 3,1 milhões vivem sem ambulância e sem coleta de lixo

Levantamento do IBGE mostra que moradores enfrentam barreiras urbanas que dificultam serviços básicos e ampliam desigualdades

Por: Redação

05/12/202512:03

A exclusão urbana atinge 3,1 milhões de moradores de favelas no Brasil, que vivem em áreas onde ambulâncias, caminhões de lixo e veículos de serviço não conseguem entrar. O levantamento divulgado nesta sexta, dia 5, pelo IBGE, revela que 19,1% da população de comunidades depende de vias acessíveis apenas para motos, bicicletas ou circulação a pé, cenário muito distante da realidade fora desses territórios, onde apenas 1,4% enfrenta essa restrição.

Foto Onde o Estado não entra: 3,1 milhões vivem sem ambulância e sem coleta de lixo
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

"Favela vs. Orla"

Na comparação com o restante das cidades, o contraste fica mais evidente. Enquanto 93,4% dos moradores fora de favelas vivem em ruas capazes de receber caminhões, ônibus e veículos de carga, apenas 62% dos moradores de favelas têm acesso a vias com essa estrutura mínima. A limitação compromete serviços essenciais e revela um abismo de infraestrutura que persiste mesmo após décadas de crescimento urbano.

Outro ponto destacado pelo estudo é a própria definição de vias nesses territórios. Becos, vielas, escadarias e palafitas são considerados pelo IBGE como espaços de circulação, o que evidencia a complexidade do acesso dentro das comunidades. No Censo 2022, o instituto identificou 16,4 milhões de habitantes vivendo em 12.348 favelas, distribuídos em 6,56 milhões de domicílios.

Impacto direto no acesso a serviços públicos

Segundo o chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, Filipe Borsani, 38% dos moradores de favelas vivem em locais onde as características das vias se tornam um obstáculo real para serviços básicos.

“Isso significa a dificuldade de acesso a certos serviços públicos, não passa um caminhão de lixo, por exemplo”, afirma o especialista.

O recorte considera apenas os 656 municípios onde existe registro oficial de favelas, reforçando que o problema está disseminado por diferentes regiões do país. A pesquisa, parte do suplemento Favelas e comunidades urbanas, integra o esforço do IBGE em detalhar as condições urbanísticas que impactam a vida diária de milhões de brasileiros.