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Haddad rebate tarifaço de Trump e defende Pix em meio à pressão dos EUA

Ministro disse que Brasil seguirá na mesa e criticou pressão sobre o Pix

Por: Iago Bacelar

21/07/202510:56

O dólar caiu nesta segunda-feira (21) em reação às declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o novo tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) operou em alta após dias de perdas.

Haddad rebate tarifaço de Trump e defende Pix em meio à pressão dos EUA
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Dólar registra queda após abertura

Às 10h34, o dólar registrava queda de 0,33%, cotado a R$ 5,569. Mais cedo, às 9h36, a moeda era negociada a R$ 5,573, com recuo de 0,26%. A máxima do dia foi de R$ 5,611 e a mínima, R$ 5,556.

Na sexta-feira (18 de julho), a moeda norte-americana havia fechado em alta de 0,73%, a R$ 5,58. Com isso, o dólar acumula alta de 2,83% em julho e queda de 9,58% em 2025.

Ibovespa avança após perdas no fim da semana

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subia 0,66% às 10h38, aos 134,2 mil pontos. Na sexta-feira, o índice havia encerrado o pregão com queda de 1,61%, aos 133,3 mil pontos.

Com o resultado, a B3 acumula recuo de 3,94% em julho e alta de 10,89% no ano.

Haddad diz que Brasil seguirá negociando com os EUA

Em entrevista à Rádio CBN nesta segunda, Fernando Haddad afirmou que o Brasil continuará tentando reverter a tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros.

“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é que nós continuemos engajados permanentemente. Mandamos uma segunda carta na semana passada, em acréscimo à de maio. Vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação entre os dois países”, disse o ministro.

As tarifas anunciadas por Trump devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto. A medida, segundo o governo dos EUA, é uma resposta à atuação do Judiciário brasileiro contra Jair Bolsonaro, aliado do presidente norte-americano.

EUA investigam práticas comerciais brasileiras

Além do aumento de tarifas, os Estados Unidos também abriram uma investigação comercial contra o Brasil, por meio do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR).

O processo foi motivado por alegações de práticas desleais e inclui a atuação do país em disputas judiciais envolvendo plataformas digitais norte-americanas.

Pix vira alvo de pressão e Haddad reage

Entre os pontos da ofensiva dos EUA, está o sistema Pix, que entrou na mira da investigação. Haddad negou qualquer mudança no modelo atual.

“O desconforto do governo dos EUA com o Pix é mais surpreendente ainda. O Pix não tem nada a ver com comércio internacional, é um sistema exitoso, totalmente informatizado, que serve de exemplo para o resto do mundo”, afirmou o ministro.

Ele também destacou que o sistema promove acesso ao crédito e barateia operações financeiras. Para Haddad, a crítica ao Pix é infundada e não deve ser levada adiante nas negociações.

Governo prepara plano de contingência

Haddad informou que a equipe econômica está elaborando um plano de contingência para ser aplicado caso não haja acordo até o dia 1º de agosto.

“Em uma situação como essa, de agressão externa injustificável, o Ministério da Fazenda se prepara para todos os cenários. Nós temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada. O Brasil jamais saiu e jamais sairá da mesa de negociação porque não há compreensão de nossa parte de que essa situação perdure para benefício mútuo dos EUA e do Brasil”, disse o ministro.

Segundo ele, o plano pode incluir apoio a setores exportadores atingidos pelas tarifas, mas isso não necessariamente implicará gasto primário.

“Pode ser que tenhamos de recorrer a instrumentos de apoio a setores que estão sendo afetados injustamente. E são setores que têm relação de décadas com os EUA”, completou Haddad.

Projeções econômicas seguem em revisão

O Boletim Focus, divulgado nesta segunda pelo Banco Central, mostra que o mercado reduziu pela oitava semana seguida a expectativa de inflação para 2025, passando de 5,17% para 5,1%.

A estimativa de inflação para 2026 caiu de 4,5% para 4,45%, e para 2027 foi mantida em 4%. A projeção de crescimento do PIB em 2025 segue em 2,23%, enquanto para 2026 foi levemente reduzida de 1,89% para 1,88%.

O mercado financeiro ainda espera que o IPCA ultrapasse o teto da meta neste ano, fixada em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Serviço

Quando: Segunda-feira, 21 de julho de 2025
O que aconteceu: Declarações de Haddad sobre tarifas dos EUA e impacto no câmbio e na Bolsa
Quem falou: Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Onde: Entrevista à Rádio CBN
Como afeta o Brasil: Reação cambial, possível apoio a setores afetados e debate sobre o Pix