Dólar em Queda: Moeda Americana Tem Pior Desempenho em Décadas
A guerra tarifária e os pacotes fiscais norte-americanos afetam a confiança dos investidores
Por: Lorena Bomfim
04/07/2025 • 09:15
O dólar tem registrado uma forte depreciação em 2025, acumulando uma queda de cerca de 10% no primeiro semestre, seu pior desempenho nesse período desde 1973. Especialistas apontam que a moeda norte-americana está enfrentando um momento delicado devido a fatores internos e externos.
O economista Paulo Gala, do Banco Master, destaca que a queda do dólar se deve, em parte, à política econômica do governo de Donald Trump e às expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed). Além disso, o Brasil tem se mostrado um destino atrativo para os investidores, com uma taxa de juros real alta — a terceira mais elevada do mundo.
Fatores Internos: Juros e Atração pela Bolsa Brasileira
Bruno Cotrim, economista da Top Gain, afirma que a valorização do real também é impulsionada pela alta taxa de juros brasileira, que atrai investidores que buscam uma rentabilidade interessante sem expor-se a grandes riscos. A perspectiva é que a taxa de juros real do Brasil permaneça elevada por mais tempo, o que torna o mercado brasileiro ainda mais atrativo, especialmente para quem aposta em commodities.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou recentemente que não há previsão de redução nas taxas de juros no curto prazo, o que fortalece essa tendência.
Fatores Externos: Política Fiscal dos EUA e Guerra Tarifária
Douglas Ferreira, diretor da Planner Investimentos, aponta que o pacote fiscal aprovado nos EUA, que favorece determinados setores da economia, tem aumentado a dívida pública americana. Isso diminui a atratividade dos títulos do país, impactando negativamente o valor do dólar. Além disso, a guerra tarifária entre os EUA e outros países e as incertezas econômicas internas continuam a pressionar a moeda.
Expectativas para o Futuro
Fernando Bresciani, analista do Andbank, ressalta que as incertezas em relação à evolução da economia dos Estados Unidos serão cruciais para definir a tendência do dólar nos próximos meses. A reação da economia americana frente a esses desafios será determinante para a trajetória da moeda.
Com esses fatores combinados, a depreciação do dólar e as perspectivas para o segundo semestre permanecem incertas, especialmente diante do cenário econômico global e das políticas internas dos EUA e Brasil.
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