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Queda das ações da Petrobras reflete insatisfação com valor dos dividendos pagos

Lucro líquido do segundo trimestre foi de R$ 26,7 bilhões, 24% menor que no trimestre anterior

Por: Iago Bacelar

09/08/202518:00

A forte queda das ações da Petrobras na B3, bolsa de valores de São Paulo, nesta sexta-feira (8), está ligada à insatisfação com o volume de dividendos pagos aos acionistas. A avaliação é do diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da estatal, Fernando Melgarejo.

Queda das ações da Petrobras reflete insatisfação com valor dos dividendos pagos
Foto: Arquivo/Agência Brasil

“Talvez, tenha sido frustrada um pouco [a expectativa de distribuição] do dividendo que foi gerado nesse trimestre. Foi impactado por eventos não recorrentes que não acontecerão nos próximos períodos. Então, circunstancialmente, o mercado tem esse comportamento que a gente entende que deve ser passageiro”, disse Melgarejo.

No momento da entrevista, as ações ordinárias da Petrobras caíam cerca de 7%, comportamento semelhante registrado na bolsa de Nova York (NYSE).

Petrobras distribui R$ 8,66 bilhões em dividendos e JCP

Na noite de quinta-feira (7), após divulgação do balanço do segundo trimestre, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) para acionistas, valor equivalente a R$ 0,67192409 por ação.

O governo federal deve receber aproximadamente 29% do montante, proporcional à participação acionária, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cerca de 8%. As ações ordinárias concedem direito a voto, enquanto as preferenciais priorizam o pagamento de dividendos.

No segundo trimestre de 2025, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 26,7 bilhões, 24,3% menor que o trimestre anterior, porém superior ao prejuízo de R$ 2,6 bilhões no mesmo período de 2024.

Resultados operacionais são positivos apesar da queda das ações

Melgarejo afirmou que o mercado reconhece os resultados operacionais da Petrobras como positivos. Entre 16 analistas de mercado, 75% recomendam a compra das ações da estatal.

“A companhia acredita muito na nossa tese de criação de valor para este ano. Estamos em uma lógica de recomposição de reserva, produção maior. Então, tudo isso é um ponto positivo para a companhia”, explicou o diretor.

Pagamento de dividendos extraordinários depende do preço do petróleo

Questionado sobre a possibilidade de dividendos extraordinários além do previsto, Melgarejo disse que “adoraria”, mas ressaltou que seria necessário um excedente de caixa após cobrir investimentos e despesas operacionais.

“Só é possível se tiver uma geração de caixa operacional suficiente para cumprir todo o capex que a gente tem, todo o opex que a gente tem e mesmo assim sobrar recurso”, explicou.

Ele destacou que a queda do preço do petróleo é um fator limitante. No segundo trimestre, o barril do tipo Brent foi negociado em média a US$ 67,82, 10% abaixo do primeiro trimestre.

“Em quantidade a gente vem evoluindo, mas o preço realmente cedeu, e, se continuar nesse patamar, a gente vê menos chances de que a gente consiga ter pagamento de dividendo extraordinário para este ano”, admitiu.

Federação Única dos Petroleiros defende retenção dos lucros para investimentos

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) considera um avanço não haver dividendos extraordinários neste trimestre. A entidade defende que os lucros permaneçam na Petrobras para ampliar investimentos.

“Houve uma redução no ritmo de expropriação da riqueza da maior empresa do país. Estamos alertas para que esta seja uma tendência na política da companhia”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

A política de dividendos da Petrobras prevê que, caso a dívida bruta fique abaixo de US$ 75 bilhões, a estatal deverá distribuir 45% do fluxo de caixa livre aos acionistas, desde que as demais condições da política sejam cumpridas.