Brasil e China firmam estudo para ferrovia bioceânica
Memorando prevê estudo sobre ligação ferroviária até o porto de Chancay
Por: Iago Bacelar
12/07/2025 • 08:30
Os governos do Brasil e da China assinaram nesta segunda-feira (7) um memorando de entendimento para pesquisa e planejamento de uma ferrovia que ligue o território brasileiro ao porto de Chancay, no Peru. O objetivo é facilitar o escoamento de exportações brasileiras para a Ásia, reduzindo tempo de transporte e custos logísticos.
O projeto propõe uma rota ferroviária que partiria da Bahia e atravessaria os estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até chegar ao litoral peruano. O custo da ferrovia ainda não foi estimado e será definido no decorrer dos estudos.
Porto de Chancay e Nova Rota da Seda ampliam presença chinesa na América do Sul
O porto de Chancay, financiado pela China e inaugurado em 2024 pelo presidente Xi Jinping, integra a iniciativa Cinturão e Rota, também conhecida como Nova Rota da Seda. A estimativa do governo peruano é que a ligação ferroviária possa reduzir o tempo de transporte de cargas entre a América do Sul e a Ásia de 40 para 28 dias.
Apesar disso, o Brasil não aderiu formalmente à Nova Rota da Seda, mas avalia que a relação bilateral com a China já é consolidada por meio de investimentos diretos e fóruns como os Brics. O memorando assinado prevê colaboração técnica entre equipes dos dois países, com foco em intermodalidade e sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Equipes trabalharão em análise de ferrovias, rodovias e hidrovias
A parceria envolve a Infra S.A., empresa ligada ao Ministério dos Transportes, e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico China Railway. A cerimônia de assinatura foi realizada virtualmente, com participação de representantes do governo brasileiro e da embaixada chinesa em Brasília, além da equipe chinesa por videoconferência.
Segundo o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, o memorando representa uma ação estratégica para avançar na integração continental e resolver gargalos de infraestrutura no Brasil.
“É o primeiro passo de jornada técnica e diplomática para aproximar continentes, reduzir distâncias e reforçar a relação de longo prazo”, disse o secretário. Para ele, a aliança com a China pode ajudar o país a superar desafios logísticos históricos.
Ribeiro destacou que, entre 2015 e 2016, já haviam sido feitos estudos sobre a ferrovia, mas os projetos não avançaram. Na avaliação do governo atual, o cenário mudou.
“Agora, ele acredita que vai ser possível porque o país se desenvolveu mais em termos de infraestrutura, como nas ferrovias, e que pode ser possível utilizar as já existentes no plano”, acrescentou o secretário.
Estudo é válido por cinco anos e pode ser prorrogado
O acordo prevê um prazo inicial de cinco anos para a realização dos estudos, com possibilidade de prorrogação. A pesquisa abrangerá não apenas o traçado ferroviário, mas também a logística intermodal, considerando hidrovias e rodovias para compor uma matriz de transporte mais eficiente.
O projeto reforça o papel estratégico da cooperação Brasil-China no setor de transportes e amplia o debate sobre infraestrutura logística voltada à exportação, especialmente para o mercado asiático, que representa uma fatia crescente das vendas externas brasileiras.
Próximos passos incluem detalhamento técnico e análise de viabilidade
Com o memorando assinado, o próximo passo será a formação de equipes técnicas conjuntas para iniciar os levantamentos sobre viabilidade econômica, impacto ambiental e potencial logístico da ferrovia. Os dados obtidos devem embasar futuras decisões sobre o investimento necessário, modelo de concessão e cronograma de execução.
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